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Motivar Jovens para o Estudo e para as Carreiras de Ciência e Tecnologia

Este objetivo da Missão Centenário é, em minha opinião, o mais precioso de todos.

Enquanto é relativamente fácil quantificar resultados gerados por experimentos científicos, é quase impossível estimar o valor da motivação de um jovem, um estudante que decide ingressar nas carreiras de ciência e tecnologia, um adolescente que não se deixa levar pelas drogas ou pelo crime, um brasileiro que se torna um cidadão produtivo.

Por um instante, não pensemos apenas nas carreiras de ciência e tecnologia. Vamos abrir a mente e ver a importância da inspiração e do sonho para criar pessoas de sucesso em todas as áreas da atividade humana.

Temos milhões de jovens talentosos neste país. Quanto custa o seu futuro? O que eles serão capazes de produzir daqui a 20 anos? Podemos ter um “Einstein brasileiro”, outro Oswaldo Cruz, um Ruy Barbosa, um Santos Dumont? Quem sabe um Machado de Assis ou uma Rachel de Queiroz!

O fato é: tudo é possível!

Tudo nasce em um sonho. No começo, ele é frágil como um pequeno pé de feijão, mas aos poucos, com cuidado e atenção, e através da educação, ele se tornará o alimento de uma vida de sucesso. Não deixemos que o pessimismo de alguns destrua os sonhos e o futuro de milhões de jovens.

Quando um garoto me vê lá no espaço, não é o “Marcos Pontes” que figura na sua imaginação; é a sua própria imagem, realizando algo de importante na sua vida. Pode ser como astronauta, jogador de futebol, empresário, apresentador de TV, cientista... pode ser qualquer futuro bom e honesto que ele queira.

A mágica que acontece é o nascimento de um sonho, de uma ideia, de um objetivo, de um plano, de um trabalho, de uma realização. E nenhum de nós tem o direito de destruir a possibilidade de realização pessoal de nenhuma outra pessoa, especialmente de um jovem.

É assim que vejo este objetivo da Missão Centenário.

Lembro-me de quando conversava com os pilotos do aeroclube em Bauru e via as fotos das missões Apollo coladas na parede do meu quarto.

O que eu via não eram as pessoas nos aviões e nos trajes espaciais; era eu que pilotava aquelas aeronaves e pisava na Lua. Os pilotos e os astronautas eram apenas a chama que acendia minha inspiração e minha determinação de “chegar lá” um dia.

Assim, talvez eu seja uma prova viva do poder de um sonho. Quem diria que um menino pobre de periferia do interior pudesse chegar ao espaço?

É por isso que acredito no potencial desses jovens que assistiam às transmissões da primeira missão espacial brasileira e pensavam: eu também posso!

Diariamente recebo cartas e mensagens de pessoas de todo o Brasil, falando sobre seus sonhos e pedindo conselhos sobre como realizá-los. É nosso dever – pais, professores, autoridades, brasileiros – ajudar esses jovens a terem sucesso na vida!

Só como exemplo, copio aqui, na íntegra, uma mensagem que recebi enquanto escrevia o livro "Missão Cumprida". É um e-mail de uma jovem adolescente que ilustra bem o que eu quero dizer com este importante resultado da missão. Leiam, reflitam e tirem suas próprias conclusões sobre "resultados de uma missão espacial".

Depois de ler a carta, deu para perceber o que eu chamo de “valor incalculável” da Missão Centenário? É por isso que nunca desisti de contribuir para o programa espacial nesse setor, mesmo quando parecia que ninguém queria a minha participação. O sonho desses jovens vale o nosso sacrifício.

Isso não tem preço. O custo de uma missão espacial é nada perante o futuro que eles podem produzir.

A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, um trabalho fantástico com escolas de todo o Brasil, coordenado pelo professor João Batista Canalle, teve um salto gigantesco (mais de 400 mil alunos) de inscrições de estudantes logo após meu voo espacial. Por esses números e pelo relato da jovem estudante em sua mensagem, dá para se ter uma ideia do potencial que as missões espaciais, em especial quando associadas a outras disciplinas da ciência, como a astronomia, têm para a educação.

São, sem dúvida alguma, ferramentas maravilhosas para a motivação de jovens às carreiras científicas. Mas, para tanto, precisam ser “usadas”. Felizmente, temos no Brasil dezenas de pessoas abnegadas, professores, educadores sensacionais, que labutam neste objetivo nos clubes de astronomia, nos planetários e observatórios espalhados pelo país. Dia a dia vemos mais e mais resultados positivos deste trabalho.

Eu não conseguiria aqui citar todos eles, e seria muito injusto esquecer algum, portanto, gostaria de homenagear a todos esses educadores, registrando o nome de um deles: Dr. Marcelo de Oliveira Souza, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense e diretor geral do Clube de Astronomia Louis Cruls de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em nome de quem eu parabenizo a todos!

A importancia dos sonhos