TENDÊNCIAS DO SETOR ESPACIAL PARA 2007

Marcos Pontes
07/01/2007

Para o Programa Espacial Brasileiro, o ano de 2007 deverá ser um ano de continuidade de desenvolvimentos e muito trabalho. Destaco a necessidade de atenção para os planos de carreira, a formação e a preparação de profissionais qualificados para o sucesso das operações no setor.

Na área de cooperações internacionais haverá estreitamento de relações com a Rússia e continuidade da parceria com a China. Com os Estados Unidos existe a possibilidade de ampliação da cooperação para estudos da região amazônica e outros programas científicos na área de meio ambiente.

A participação brasileira na ISS, que hoje conta com a contribuição do SENAI-SP e IFI, está sendo discutida com a NASA pela gerência do programa na AEB, sob o comando do dr. Raimundo Mussi. Na sua continuidade, o Brasil deverá construir e testar os primeiros protótipos dos componentes nacionais no segundo semestre de 2007. Como participante da ISS, existe alguma possibilidade de o Brasil ser convidado a participar do programa Constellation, da NASA. Porém, será necessário um esforço do Ministério das Relações Exteriores para manter e ampliar as relações da área espacial com
os países líderes do setor.

Os foguetes nacionais prosseguem no projeto e testes de estágios e sistemas no IAE. Enquanto o VLS é desenvolvido e preparado para seu próximo lançamento, é necessário um aumento na freqüência de produção e lançamento de foguetes nacionais suborbitais visando conhecimento técnico-operacional, ampliação de treinamento de pessoal e utilização da infra-estrutura de lançamento da Barreira do Inferno e de Alcântara.

O desenvolvimento de propulsão líquida para foguetes nacionais terá grande avanço com o estreitamento das relações com a Rússia e o projeto do primeiro foguete de pequeno porte nacional utilizando esse tipo de propulsão. A torre de preparação do VLS em Alcântara começará a ser reconstruída. O tempo previsto de reconstrução é de 18 meses. O desenvolvimento local e a capacidade comercial competitiva de Alcântara no mercado bilionário internacional de lançamentos de cargas úteis ainda serão restritos pelos
problemas e discussões culturais.

Na área de satélites, destacam-se a continuidade da preparação do próximo CBERS a ser lançado pela China e os estudos para um satélite geoestacionário de comunicações.

Embalado pelos excelentes resultados científicos dos experimentos levados pela Missão Centenário, o programa microgravidade deverá ter um ótimo desenvolvimento com o novo anúncio de oportunidades feito recentemente pela AEB. Novos experimentos nacionais serão selecionados para a realização em microgravidade a bordo do VSB-30 em 2008 e possivelmente na ISS em 2009. Ainda na área científica, a continuidade dos projetos da plataforma multi-missão e do satélite SARA irão oferecer maior infra-estrutura de uso do espaço para pesquisas nacionais. Contudo, é necessária maior participação do setor privado e das universidades na fase de pesquisa e desenvolvimento dos sistemas espaciais no Brasil.


Marcos Pontes é astronauta, mestre em engenharia de sistemas, engenheiro aeronáutico, piloto de provas de aeronaves, consultor, empresário e colunista. Atualmente o astronauta continua a disposição do Programa Espacial Brasileiro, participando e assessorando nos seguintes projetos: participação brasileira na Estação Espacial Internacional, Programa Microgravidade, AEB Escola, Veículo Lançador de Satélites, desenvolvimento de foguetes suborbitais e Satélite SARA. No setor privado, Pontes atua como consultor técnico e gerencial junto a empresas de renome, com ênfase nas áreas de segurança do trabalho, gerenciamento de riscos, motivação e gerenciamento de projetos.

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