“Aquela é uma pessoa de sorte! Teve muitas oportunidades!”
Você já ouviu alguém dizer isso? Você
concorda com essa idéia? Será que realmente
algumas pessoas têm mais oportunidades do que as outras?
Ou será que essas pessoas “de sorte”, na
realidade, apenas tiveram mais competência para percebê-las
e aproveitá-las?
“Deus ajuda quem cedo madruga!”
A cultura popular está cheia desses ditados. Não
adianta nada o desejo sem a ação. É necessário
planejamento, coragem, determinação e muito
trabalho para encarar os desafios e conquistar o sucesso.
Porém, antes de tudo isso, esqueça a famosa
“lei de Gerson”. Aquela que diz que “é
preciso levar vantagem em tudo! Certo?” Coitado do Gerson!
Acabou ficando com essa marca horrível, personalizando
um modo de pensar extremamente danoso ao desenvolvimento da
sociedade. Confio que as novas gerações saberão
usar das ferramentas disponíveis e perceber que a idéia
de “ser o esperto” precisa ser exterminada da
nossa cultura! Acabar com essa erva daninha que se alimenta
diariamente nos exemplos transmitidos nos noticiários
em rede nacional.
Ninguém chega ao sucesso real com esse tipo de pensamento
pequeno. Competência e muito trabalho são os
ingredientes reais da vitória.
Claro que é necessário fazer tudo com inteligência,
usando o mínimo de recursos, tempo e energia. Contudo,
sempre com bons pensamentos e honestidade. Nesse contexto,
é importante saber reconhecer, escolher e estar preparado
para aproveitar corretamente as oportunidades.
Afinal, o que são oportunidades? De forma geral, elas
são situações favoráveis para
realizar parte, ou mesmo a totalidade, dos passos necessários
para os nossos objetivos. Eu as divido em dois tipos, segundo
a sua origem: passivas e ativas. Oportunidades de origem passiva
são independes da nossa ação. A situação
está ali, completa, pronta para ser reconhecida e utilizada.
Por outro lado, na maioria dos casos reais da vida, isso não
acontece. Grande parte das oportunidades é de origem
ativa. Essas acontecem como resultado do nosso planejamento
e trabalho. Por exemplo, imagine o objetivo simples de ver
a passagem da Estação Espacial Internacional.
Um certo dia você poderia simplesmente olhar para o
céu durante a noite, enquanto namora na varanda de
sua casa, e enxergar a espaçonave. Isso poderia ocorrer
por acaso, ou porque você estava realmente procurando
por ela. Porém, se você não fizer nada
além de olhar atentamente para o céu em um horário
qualquer, no final, você apenas aproveitou uma oportunidade
de origem passiva. Por outro lado, você poderia ter
pesquisado na internet e descoberto que ela estaria passando
em um determinado horário e posição visíveis
da sua varanda. Avistá-la, nesse caso, teria sido um
aproveitamento de uma oportunidade de origem ativa. Você
trabalhou para estar na posição e hora exata
para aproveitar a oportunidade que passava.
Assim é a vida. Temos oportunidades circulando ao nosso
redor o tempo todo. Algumas vezes deparamos com elas por acaso.
Na maioria das vezes, precisamos usar de nossa criatividade
para reconhecê-las ou trabalhar duro para saber onde
encontrá-las.
Além disso, lembre-se também que é muito
mais fácil enxergar oportunidades se você estiver
com a cabeça erguida, mantendo-se motivado e otimista.
Será muito difícil encontrá-las se você
escolher juntar-se ao coro derrotista, cantando a ladainha
triste e despeitada de críticas e lamentos, sempre
com a cabeça baixa e olhando apenas para os próprios
pés.
Certa vez, um grande inventor comentou seu sucesso dizendo
que a maioria das pessoas passa a vida reclamando da falta
de oportunidades, sem perceber que elas estavam o tempo todo
ao redor, porém disfarçadas de trabalho. Isso
é muito verdadeiro!
Indo um pouco mais além, lembre-se que o fato de encontrar
e reconhecer as oportunidades não garante o seu aproveitamento.
Ainda é preciso decidirmos quais delas devemos utilizar
e estarmos sempre prontos para agir. Para tanto, tenha sempre
em mente os seus objetivos, as suas necessidades e o aperfeiçoamento
das suas habilidades.
Por tudo isso, em termos de oportunidades, concordo 100% com
o ditado popular da Índia que diz: “reze enquanto
caminha na direção desejada!”
Marcos
Pontes
Colunista,
professor e primeiro astronauta profissional lusófono
a orbitar o planeta, de família humilde, começou
como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP),
para se tornar oficial aviador da Força Aérea
Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder
de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado
pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA). |