OPORTUNIDADES

Marcos Pontes
23/05/2007

“Aquela é uma pessoa de sorte! Teve muitas oportunidades!” Você já ouviu alguém dizer isso? Você concorda com essa idéia? Será que realmente algumas pessoas têm mais oportunidades do que as outras? Ou será que essas pessoas “de sorte”, na realidade, apenas tiveram mais competência para percebê-las e aproveitá-las?
“Deus ajuda quem cedo madruga!”
A cultura popular está cheia desses ditados. Não adianta nada o desejo sem a ação. É necessário planejamento, coragem, determinação e muito trabalho para encarar os desafios e conquistar o sucesso.
Porém, antes de tudo isso, esqueça a famosa “lei de Gerson”. Aquela que diz que “é preciso levar vantagem em tudo! Certo?” Coitado do Gerson! Acabou ficando com essa marca horrível, personalizando um modo de pensar extremamente danoso ao desenvolvimento da sociedade. Confio que as novas gerações saberão usar das ferramentas disponíveis e perceber que a idéia de “ser o esperto” precisa ser exterminada da nossa cultura! Acabar com essa erva daninha que se alimenta diariamente nos exemplos transmitidos nos noticiários em rede nacional.
Ninguém chega ao sucesso real com esse tipo de pensamento pequeno. Competência e muito trabalho são os ingredientes reais da vitória.
Claro que é necessário fazer tudo com inteligência, usando o mínimo de recursos, tempo e energia. Contudo, sempre com bons pensamentos e honestidade. Nesse contexto, é importante saber reconhecer, escolher e estar preparado para aproveitar corretamente as oportunidades.
Afinal, o que são oportunidades? De forma geral, elas são situações favoráveis para realizar parte, ou mesmo a totalidade, dos passos necessários para os nossos objetivos. Eu as divido em dois tipos, segundo a sua origem: passivas e ativas. Oportunidades de origem passiva são independes da nossa ação. A situação está ali, completa, pronta para ser reconhecida e utilizada. Por outro lado, na maioria dos casos reais da vida, isso não acontece. Grande parte das oportunidades é de origem ativa. Essas acontecem como resultado do nosso planejamento e trabalho. Por exemplo, imagine o objetivo simples de ver a passagem da Estação Espacial Internacional. Um certo dia você poderia simplesmente olhar para o céu durante a noite, enquanto namora na varanda de sua casa, e enxergar a espaçonave. Isso poderia ocorrer por acaso, ou porque você estava realmente procurando por ela. Porém, se você não fizer nada além de olhar atentamente para o céu em um horário qualquer, no final, você apenas aproveitou uma oportunidade de origem passiva. Por outro lado, você poderia ter pesquisado na internet e descoberto que ela estaria passando em um determinado horário e posição visíveis da sua varanda. Avistá-la, nesse caso, teria sido um aproveitamento de uma oportunidade de origem ativa. Você trabalhou para estar na posição e hora exata para aproveitar a oportunidade que passava.
Assim é a vida. Temos oportunidades circulando ao nosso redor o tempo todo. Algumas vezes deparamos com elas por acaso. Na maioria das vezes, precisamos usar de nossa criatividade para reconhecê-las ou trabalhar duro para saber onde encontrá-las.
Além disso, lembre-se também que é muito mais fácil enxergar oportunidades se você estiver com a cabeça erguida, mantendo-se motivado e otimista. Será muito difícil encontrá-las se você escolher juntar-se ao coro derrotista, cantando a ladainha triste e despeitada de críticas e lamentos, sempre com a cabeça baixa e olhando apenas para os próprios pés.
Certa vez, um grande inventor comentou seu sucesso dizendo que a maioria das pessoas passa a vida reclamando da falta de oportunidades, sem perceber que elas estavam o tempo todo ao redor, porém disfarçadas de trabalho. Isso é muito verdadeiro!
Indo um pouco mais além, lembre-se que o fato de encontrar e reconhecer as oportunidades não garante o seu aproveitamento. Ainda é preciso decidirmos quais delas devemos utilizar e estarmos sempre prontos para agir. Para tanto, tenha sempre em mente os seus objetivos, as suas necessidades e o aperfeiçoamento das suas habilidades.
Por tudo isso, em termos de oportunidades, concordo 100% com o ditado popular da Índia que diz: “reze enquanto caminha na direção desejada!”





Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).

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