Uma necessidade é como um desequilíbrio que
nos força a tomar alguma atitude rapidamente para não
cair, um desconforto que nos obriga a sair da estagnação
e fazer algo para voltar à situação de
bem estar. Para a maioria das pessoas, essa primeira reação
no sentido de recuperar o equilíbrio, e que normalmente
deve acontecer durante um curto intervalo de tempo, é
imediatamente seguida de um planejamento mais longo, uma estratégia
visando evitar que aquele desconforto sofrido não se
repita. Uma nova etapa motivada pela importância de
melhorar, saber mais, ter mais, sentir mais e mais felicidade.
Algumas pessoas, porém, esquecem-se dessa segunda etapa.
Ficam presas ao passado. Deixam-se afetar tanto pelo fato
ocorrido, que se tornam inertes pelo medo, totalmente expostas
a uma nova ocorrência de desconforto semelhante à
primeira, ou correm apavorados em qualquer direção,
sem planejar um destino, deixando os seus destinos também
à mercê da sorte. Essas pessoas, infelizes e
assustadas, passam a vida lamentando a sorte, praguejando
com o coração cheio de inveja e rancores. Esperam
a cada instante pelo “pior”, sem perceberem que
“o melhor” é só uma questão
de escolha e atitude.
Não seja uma dessas pessoas. Tenha desejos! Tenha bons
desejos! Aponte suas ações para eles e escolha
uma direção para caminhar imediatamente depois
da solução emergencial da necessidade que o
forçou a abandonar uma determinada posição,
um ponto de estagnação. De forma interessante,
embora geralmente esbravejamos quando algo nos tira de uma
situação de conforto e nos obriga a agir, sabemos
que mudanças positivas são a única maneira
de realmente termos sucesso, sentindo mais e maiores momentos
de felicidade! O verdadeiro elixir da vida. Um alimento essencial
e maravilhoso! Porém, uma sensação passageira.
Dessa forma, não pode existir felicidade em abundância
na estagnação. Precisamos desejar, agir, mudar,
buscar novas oportunidades, acreditar, trabalhar.
Portanto, os desejos que surgem logo após as necessidades
são essenciais para vivermos em plenitude. É
deles que nascem os sonhos. Os desejos envolvem conceitos
mais gerais. Alguém pode desejar, por exemplo: “eu
quero ser famoso”. Os desejos representam essa vontade
de ter uma nova situação geral na vida. Os sonhos
são simulações de como seria a nossa
interação dentro dessa nova condição
desejada de vida. São como filmes, onde somos os atores
no nosso cenário imaginário. Normalmente representam
muitas das possíveis alternativas para satisfazer nossos
desejos. No caso do desejo de “quero ser famoso”,
por exemplo, a pessoa poderia se imaginar como um grande ator
ou um cantor. Poderia sonhar em estar participando, como ator
principal, das gravações de um grande filme,
ou em estar atendendo a imprensa e os fãs antes de
um agitado show de rock, etc.
Porém, em um determinado momento durante os momentos
de prazer com os nossos sonhos diversos, descobrimos que um
deles começa a despontar mais em relação
aos outros. Pensamos insistentemente: “isso realmente
deve ser demais! Eu quero fazer isso em minha vida!”.
Nesse instante estamos definindo o nosso ideal. Isto é,
os ideais são os sonhos “escolhidos”. Fortes
ideais nortearão o seu caminho e lhe darão razões
para prosseguir, persistindo quando todos ao seu lado já
cansaram e desistiram.
Contudo, note que tudo isso precisa partir de um desejo, uma
pequena plantinha que necessita cuidados e proteção.
Não deixe que os ventos do pessimismo ou as geadas
da complacência matem os seus desejos. Seja corajoso
e lute por eles.
Marcos
Pontes
Colunista,
professor e primeiro astronauta profissional lusófono
a orbitar o planeta, de família humilde, começou
como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP),
para se tornar oficial aviador da Força Aérea
Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder
de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado
pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA). |