REVANCHES

Marcos Pontes
29/08/2007

Trabalhar para o seu sucesso exige muito tempo e energia. Temos limitações em muitas coisas. Não possuímos tempo e energia infinitos. Qualquer gasto extra, ou desperdício, desses recursos com alguma coisa que não contribui para a realização dos seus sonhos é, no mínimo, burrice.
Revanche é uma dessas burrices. Pior ainda, além de fazer você desperdiçar seus recursos preciosos, ela também faz com que você “ande para trás”, seja uma pessoa inferior, infeliz.
Primeiro, a revanche nasce de longas e penosas horas de pensamentos ruins. Idéias negativas que foram cultivadas e alimentadas em sua mente através de inúmeras repetições de um tipo de “filme”, onde você é o personagem que sofre!
Lembre-se que seus pensamentos têm grande poder sobre o seu futuro. Se você projeta uma imagem de sofrimento a seu respeito, tenha certeza que será exatamente isso que irá acontecer contigo. A natureza sempre irá conspirar para que todos os seus pensamentos sobre você mesmo tornem-se, um dia, realidade. Quando você passa horas lembrando de alguma coisa ruim que alguém fez para você, na verdade a única coisa que você está fazendo é criar as possibilidades reais de concretização de mais sofrimento para você...além de perder tempo e energia.
OK! Você já sabe disso! Mesmo assim, indignado com alguma agressão, cheio de raiva e ódio no coração, você começa a traçar planos para prejudicar aquela pessoa que, por alguma razão, o fez sofrer no passado. Sente-se como “a” vítima. Existe muita pena de você mesmo. Julga o seu gigante agressor culpado por esse crime contra você, a pobre criatura.
Notou como esses pensamentos o tornaram inferior, incapaz, incompetente para manter a sua dignidade e classe, ignorar o sofrimento e seguir no seu caminho. É como atestar que aquilo que foi feito contra você é muito superior aos seus objetivos. Seguindo nessa idéia, portanto, quanto menor for a agressão feita, porém merecedora da sua atenção e da sua revanche, quanto menor também é a importância que você declara de seus objetivos, dos seus sonhos, pois você está deixando de trabalhar para atingi-los em prol dessa nova prioridade: a revanche, a vingança!
Pense nisso: o que o inimigo mais quer? Não seria impedir que você conquiste os seus sonhos? Que você seja infeliz. No momento em que você alimenta pensamentos ruins, sente-se infeliz e com pena de si mesmo, espumando ódio e dedicando tempo e energia para planejar e executar uma revanche, o inimigo está vencendo. Você está fazendo exatamente o que ele quer. Parabéns! Você acabou de ganhar o título de idiota do ano!
Se essa razão ainda não foi suficiente para convencê-lo, lembre-se disso também: o resultado da revanche é sempre contra você mesmo! O “prazer” de prejudicar alguém é rapidamente substituído por medo, remorso, e outros sentimentos ainda mais terríveis. O “doce sabor da vingança” é simplesmente o gosto do veneno que você mesmo ingere ao fazer mal para alguém. Trazer a “justiça” para as próprias mãos significa tirar a justiça das mãos Daquele que realmente tem esse direito e dever. Alguém que sabe muito mais do que você. Se você não acredita nisso, basta esperar. Vingado, você ainda tem uma vida para viver e ser julgado, e depois não adianta reclamar “da sorte”.
Alguém muito sábio disse um dia para, após a agressão, “oferecer a outra face”. Assim, quando prejudicado ou agredido, não gaste tempo e energia lembrando do fato infeliz, ou planejando e executando vinganças. Deixe a justiça nas mãos de quem de direito. Continue a trabalhar para o seu próprio sucesso. Concentre suas forças e seus recursos nessa direção. Não se inferiorize. Não trabalhe para o inimigo. Não sinta pena de você mesmo, sinta orgulho! Tenha fé e persistência. Ofereça ajuda. Mostre ao seu inimigo que você é muito maior do que seus fúteis esforços. Sorria aberta e descaradamente da sua patética tentativa de tirá-lo de sua trajetória de felicidade e siga em frente com a cabeça erguida.

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).

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