Todos
nós somos seres humanos. Temos qualidades e fraquezas.
Entre elas, ou talvez no controle delas, temos que conviver,
a todo instante, com o nosso "ego".
Embora esse termo tenha uma interpretação
popular como algum tipo de mistura de "orgulho pessoal"
com "arrogância", "necessidade de auto-afirmação",
"estrelismo", "egoísmo", etc,
na verdade, segundo "Freud", o ego é um
pouco diferente. Associa-se diretamente ao constante "processo
decisório" entre o nosso "Id" e o
nosso "super-ego". O Id, como representante dos
nossos desejos, necessidades ou impulsos, não se
importa nem com "como realizar" o desejo, nem
com as consequências para o mundo ou outras pessoas.
O "super-ego", como representante das nossas restrições
morais, ou "consciência", importa-se apenas
como nossas ações podem refletir na sociedade,
ajudando ou prejudicando outras pessoas. Note que o o conceito
popular de "ego" tem maior similaridade com o
"Id".
Em
todo caso, para facilitar, usaremos o conceito popular mesmo.
Nesse contexto, o que importa é que, "satisfazer
o ego", por ser um tipo de "necessidade natural",
é algo difícil de controlar, como fome, sede,
etc. Exige esforço consciente.
A
satisfação do ego muitas vezes envolve coisas
inócuas, como pedir elogios, "exibir" o
carro novo, etc.
Mas nem tudo é assim. Algumas vezes, nossa busca
por "satisfazer o ego" (e o orgulho próprio),
pode causar prejuízos a outras pessoas, inocentes.
Alguém que, em uma determinada situação,
pode ter se encontrado à mercê das nossas atitudes
e decisões.
Como
podemos evitar essa injustiça?
Primeiro,
observe que "o ego bate forte" quando somos ameaçados
ou desafiados. Isso ocorre seja por razão de uma
pessoa, ou simplesmente por uma situação ocasional.
São aquelas coisas que "mexem com o brio"
da gente.
Em todo caso, o conflito real aparece no "ponto de
decisao" que essas circunstâncias, inevitavelmente,
nos conduzem. Aquele momento crítico! E agora? Temos
que decidir o que fazer! Dúvida: atendo ao meu "ego"
e tomo uma atitude teimosa, ou negativa; ou atendo a minha
consciência?
Qual
é a reação normal nessa hora?
Inicialmente,
de forma inconsciente, "ligamos" as necessidades
do nosso "ego" à lógica: "estou
agindo conforme a situação me obrigou. Essa
solução é lógica!"
Depois ligamos nossa consciência ao nosso "coração".
Aí ficamos entre duas opções: a "lógica
que inventamos para o ego" ou o nosso "coração".
Agora,
pare um pouco e pense: note que você criou essas duas
alternativas através de um ponto de vista "míope",
olhando muito de perto uma situação, no "afã
da batalha". Na verdade, a lógica não
é igual ao seu ego. A lógica se liga aos fatos
reais e também deve levar em conta o que diz a sua
consciencia.
Respire!
Dê um tempo para raciocinar. Veja a situação
de fora. O cenário completo. Faça um esforço!
Veja todos os personagens e os fatos, sem você!
Julgar
é sempre muito difícil. Principalmente se
somos pressionados por algum fator a irmos contra ao que
a nossa consciência do bem nos diz. Esse fator pode
ser o seu ego ou a influência negativa de outras pessoas
sobre você, como um superior com "agenda oculta".
Não deixe que eles comandem suas ações.
A sua consciência cobrará isso de você
no futuro, no momento em que você procurar por alguma
"dignidade" dentro de você. E tenha certeza
que isso sempre será necessário!
Portanto,
esse "confronto de consciência" pode surgir
por pressão de uma situação sobre o
seu ego ou por influência de uma pessoa sobre você.
Um
caso de pressão de situação acontece
quando existe, por exemplo, um procedimento de um trabalho
que você acreditava ser certo, mas que depois de duas
ou três tentativas, demonstrou que não funciona
ou não é necessário, mas o seu "ego",
na forma de orgulho ou teimosia, insiste em que você
precisa fazê-lo, mais e mais. "O que os outros
vão pensar de mim?", você teme.
Espere!
Pense! Para que você está fazendo isso? O objetivo
é concluir o trabalho com sucesso. Será que
é realmente necessário? Será que já
não existem dados suficientes para cumprir os objetivos?
Que quantidade de gastos ou que tipo de dano estou causando
para outras pessoas ou para a própria credibilidade
da minha instituição para simplesmente satisfazer
ao seu ego? Assim, se o procedimento é incorreto
ou desnecessário, esqueça esse procedimento!
Não deixe o "que os outros podem pensar"
interferir na sua decisão.
Um
caso de influência de outra pessoa ocorre, por exemplo,
quando um superior determina que você faça
algo que você sabe que é incorreto, desnecessário,
ou que vai contra ao que sua consciência diz. Usando
o mesmo exemplo acima, você pode insistir no procedimento
de trabalho simplesmente para satisfazer aos desejos de
seu chefe. Isso satisfaz ao "ego" dele, mas às
custas de quanto prejuízo para outras pessoas ou
a sua própria instituições?
De
qualquer forma, o resultado final desses confrontos, se
não forem resolvidos corretamente, são: erros,
ações impensadas, insistência em procedimentos
incorretos ou desnecessários, perda de credibilidade
de profissionais e instituições, gastos inúteis,
pessoas injustamente prejudicadas, remorso, peso na consciência,
etc.
O
resultado seria muito diferente se o "ego" ou
a influência negativa de outras pessoas não
fossem ouvidos, mas apenas a lógica fos fatos e a
sua consciência.
Para
tanto, primeiro "olhe o problema de fora", veja
o cenário geral, identifique e dê peso às
partes. Qual a importância real desse assunto? Vale
a pena dedicar ou gastar tantos recursos nisso, em prejuízo
de outras atividades talvez muito mais importantes?
Depois,
é preciso buscar por humildade. Agir com grandeza,
como ser humano. Perceber o erro, parar com o procedimento
incorreto ou desenecessário, concluir o assunto e
seguir com outras atividades.
Finalmente,
em resumo, às vezes ficamos tão cegos pelo
nosso ego ou pela influência de outra pessoa, que
concentramos toda a nossa atenção em apenas
tentar comprovar a nossa teoria inicial sobre um procedimento,
ou uma pessoa. Não "levantamos a cabeça"
para ver o cenário geral e pensar se aquilo realmente
era correto ou necessário.
Portanto,
"parar e ver o cenário" é muito
importante. Dessa forma podemos ver com clareza o que temos
em mãos, as consequências dos nossos atos,
e o caminho correto para concluir o assunto e resolver o
problema de forma simples e eficiente, evitando prejuízos
para instituições e pessoas.