A
morte veio sorrateira,
Descendo pelas encostas,
Como cobra feita de lama,
Arrastando-se no meio da noite.
Fazia
ruídos estranhos,
Engolindo todo o caminho,
Eram gritos nunca ouvidos,
E o espanto dos desesperados.
A
morte não veio sozinha,
Trouxe com ela a destruição, o medo e a enchente,
O caos, as dúvidas e as lágrimas,
Que se misturavam às gotas da chuva eterna.
Água
do bem, água do mal,
A natureza e a sensação de impotência,
O resultado do descaso de anos,
Um planeta pedindo socorro.
A
morte não foi sozinha,
Levou quem pode alcançar,
Minha alma, minha amiga, minha vida,
Escaparam da ponta dos meus dedos.
E
eu fiquei ali,
Assistindo ao inevitável segundo,
Com os pés na lama, e o coração disparado,
Olhando para baixo, com a água escorrendo no rosto.
A morte fez seu papel,
Escondendo vidas em escombros,
Esperanças em realidade,
Carregada, ensacada, encharcada...
Triste
e inerte...
Um
momento de silêncio,
Triste
e inerte...
Pensativo...
Mas...
O tempo continuou...
A
chuva passou...
O
que fazer? O que restou?
A
força veio poderosa,
Subindo pelo meu corpo,
como chama feita de vida,
Iluminando no meio da noite.
Trazia
memórias alegres,
Lembranças de todo o caminho,
De uma vida, risos, imagens,
Alegria dos meus amados.
A
força não veio sozinha,
Trouxe com ela as pessoas, os helicópteros e a compaixão,
Acima do caos, das dúvidas e das lágrimas,
Voando alto, incansáveis, com o combustível
do amor eterno.
Água
do bem, água do mal,
A natureza humana, e a certeza,
De poder mudar o resultado do destino:
“Eu tenho braços e pernas fortes”.
A
força não foi sozinha,
Espalhou por quem pode alcançar,
Muitas almas, muitos amigos, muitas vidas,
Arregaçamos as mangas, recomeçamos!
Sim,
ali mesmo,
Reconstruindo o nosso mundo sobre o passado,
Com os pés no chão, e o coração
com saudades,
Olhando para cima e trabalhando em honra dos que se foram.
Deus fez o seu papel,
Trazendo a vida e a força entre os escombros,
Esperanças, transformaremos em realidade,
Determinação, persistência, vitória...
Natal
e Ano Novo...
Um
momento de silêncio,
Uma
prece e um pensamento...
Reflexivo...
O
tempo continuou.
A
chuva passou.
Ficou
o exemplo para todos nós,
Escrito na história pela brava gente do Estado de Santa
Catarina.
Um
exemplo marcado pela coragem, pela força e pela determinação
de reconstruir o que a tragédia destruiu.
De levantar-se sobre os escombros enlamaçados,
De suportar a dor e a perda com dignidade e dizer, puxando
o fôlego do último suspiro de esperança:
“nós temos braços e pernas fortes! Nós
vamos reconstruir!”
Esse
é o espírito de luta que o Brasil precisa!
Não o espírito de esmola dos “coitados”,
cheios de auto-piedade!
Nada
é fácil para ninguém.
Mas aqueles que se levantam e trabalham merecem a vitória.
Parabéns
à força do povo de Santa Catarina.
Eu tenho MUITO orgulho de chamá-los de GRANDES BRASILEIROS!
Que a paz e a força de Deus esteja com cada um de vocês.
Parabéns
a todos os voluntários.
Parabéns a todos aqueles que, de algum modo, por mais
insignificante que parecesse perante o tamanho da situação,
ajudaram a dar aos desabrigados algum conforto.
Parabéns
pelo Espírito de União!
Parabéns pelo Espírito de Natal!
Feliz
Natal a todos!
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