"O importante é competir!" "A competição é saudável!"
Certamente existem muitas expressões sobre "competir". Entretanto, a prática mostra que poucas pessoas sabem, realmente, o sentido "saudável" da competição.
Este ano, com Olimpíadas de Inverno na Rússia, Copa do Mundo no Brasil e Eleições no Brasil, em especial, é um ótimo exemplo dessa afirmação. Será?
Normalmente assumimos uma competição como sendo algum tipo de atividade onde alguém ganha e outros, ou muitos, perdem. Dito dessa forma, puramente, qual seria então a vantagem "para todos" da competição? Afinal, por que a competição seria saudável e benéfica?
A questão é que, normalmente, vemos o assunto do ponto de vista estritamente individual. EU ganho ou EU perco.
Então, não é assim? O que está faltando nessa idéia? A resposta é simples: falta reconhecer um objetivo comum.
Competição, isto é fato, sempre traz o melhor de produtos e serviços...e algumas vezes o pior das pessoas. Isso parece ser verdade no mundo atual dos negócios ou na política. Mas certamente não deve ser assim no cotidiano das nossas vidas pessoais e da nação.
Somos criaturas sociais. Sobrevivemos, vencemos todas as outras espécies por essa simples razão. Contudo, na solidão dos nossos próprios pensamentos, sempre existe uma "batalha" silenciosa e constante. A motivação para tal batalha pode vir de várias fontes. Vejamos, por exemplo, os resultados da insegurança e dos medos que povoam a mente de um jovem iniciante em alguma carreira. É comum surgir o sentimento de "vencer ou perder" na competição pelo prestígio junto aos "colegas de trabalho". De certa forma, esse é um sentimento gerado e alimentado na estrutura criada pela sociedade, desde os tempos das notas de classificação na escola, e reforçado pelo sistema eliminatório do vestibular.
Refletido na personalidade, esse sentimento tem efeitos marcantes na maneira como as pessoas encaram as atividades de grupo. Isso "pega"! Causa dificuldades sérias. Apesar de todo treinamento e discussões sobre o assunto "trabalho em grupo" dentro da maioria das empresas e instituições, esse sentimento intrínseco de competição, muitas vezes "velada", tende a revelar-se nos momentos mais críticos, causando, na maioria dos casos, a falha completa do grupo. Isso ocorre, simplesmente, porque os participantes do time estão mais preocupados em "vencer" a "luta" contra os colegas, olhando para interesses próprios, ao invés de trabalharem juntos para os ideais compartilhados. Os "egos", ou as "agendas ocultas", acabam tendo maior prioridade.
Equipes de sucesso são formadas por pessoas que reconhecem a importância do objetivo comum com maior prioridade quando comparados com os individuais. Isso parece simples. Será? Pense nas suas próprias experiências de vida e rapidamente surgirão inúmeros exemplos negativos. Pense na nossa própria história!
O fato é que a atitude de "vencer juntos" sempre traz benefícios maiores, reduzindo os "estresses" entre participantes e organizações, e contribuindo de forma espetacular para o aumento da performance do grupo inteiro. Como resultado, objetivos inalcançáveis individualmente podem ser atingidos com relativa facilidade pela equipe bem coordenada.
Como sempre, liderança, motivação e controle constante de resultados também são essenciais. Todavia, é necessário que cada membro saiba, e "queira", fazer a sua parte. Sem isso não existe um time, apenas um grupo com "a mesma cor de camisa".
Hoje, o nosso desafio é reconhecer e indicar participantes, fazer alianças e estabelecer relações sinergéticas que resolvam nossos problemas e tragam benefícios reais e honestos para todos os membros e instituições do "time". Construir um time que nos leve a atingir os objetivos comuns da nossa sociedade. Isso se chama desenvolvimento. Ordem e Progresso!
Essa não é uma tarefa simples. Não é, certamente, tarefa para um indivíduo. É tarefa para uma nação.
Nas eleições deste ano, escolheremos nossos "companheiros de time". Os problemas comuns nós conhecemos. Os objetivos comuns, também. Resta a direção e a energia. A direção deve ser única, mas a energia vem de cada um de nós.
O ideal: neste ano, não vale o "ego" ou "a agenda oculta"; neste ano, vale a pequena parcela de energia, a opinião de cada um; neste ano, somos todos iguais, neste ano, a escolha é nossa. A partir do ano que vem, seremos um time único chamado Brasil, e a responsabilidade, pelo sucesso ou pela derrota, será de cada um de nós. Depois, não adianta manifestação.
Lembre-se! Pense bem no que Gandhi disse há algum tempo:
"Tudo que fizermos individualmente será insignificante, mas é muito importante que cada um de nós faça a sua parte!"
Astronauta Marcos Pontes
Nascido em Bauru, SP, em 1963, Marcos Pontes atualmente é Astronauta Profissional Especialista de Missão, formado pela NASA e pela Roscosmos, à disposição do Brasil, aguardando a escalação pelo governo para seu segundo voo espacial. É Palestrante Motivacional, Coach Especialista em Desempenho Pessoal e Desenvolvimento Profissional, Mestre em Engenharia de Sistemas, Engenheiro Aeronáutico pelo ITA, Diretor Técnico do Instituto Nacional para o Desenvolvimento Espacial e Aeronáutico, Empresário, Consultor Técnico, Embaixador Mundial do Ensino Profissionalizante, Embaixador das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, Presidente da Fundação Astronauta Marcos Pontes e Autor de três livros: “Missão Cumprida. A história completa da primeira missão espacial brasileira”, “É Possível! Como transformar seus sonhos em realidade” e “O Menino do Espaço. A história do Primeiro Astronauta Brasileiro”, todos publicados pela editora Chris McHilliard do Brasil.
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