"Vou
explicar para a indústria porque investir em ciência
e tecnologia, ir ao Congresso e tentar fazer leis neste
sentido", explicou o astronauta
São José dos Campos - O astronauta brasileiro
Marcos César Pontes vai continuar trabalhando no
Programa Espacial Brasileiro, mesmo tendo entrado para a
reserva da Força Aérea Brasileira. Em entrevista
coletiva em São José dos Campos, no interior
de São Paulo, ele deixou claro que o fato de ter
entrado para a reserva "que não significa aposentadoria"
e não muda seu trabalho junto ao Programa Espacial
do País. "No dia em que eu me aposentar, pode
levar flor pra por em cima", brincou, ressaltando que
apenas a morte o fará parar de atuar na área.
Segundo Pontes o próprio Comando da Aeronáutica
admite que sua utilização na reserva seria
muito melhor do que na ativa.
Pontes
vai atuar na busca de recursos e ferramentas para auxiliar
o programa. "Vou explicar para a indústria porque
investir em ciência e tecnologia, ir ao Congresso
e tentar fazer leis neste sentido. Sei que posso ajudar
nesse setor." Pontes criticou a burocracia do atual
sistema de transferência de tecnologia do governo
para a iniciativa privada. "É um processo lento,
demorado e pouco eficiente. Aqui no Brasil a gente opera
num sistema um tanto difícil em termos de transferência
de produtos de pesquisa e desenvolvimento para a indústria."
O
astronauta também vai ajudar a Agência Espacial
Brasileira na reconstrução e lançamento
do VLS (Veículo Lançador de Satélites).
"Vou fazer contatos no exterior e também dentro
do país. Continuo assessorando a Agência tanto
em Houston como em São Paulo."
A
Missão Centenário, que levou o primeiro brasileiro
ao Espaço, foi alvo de críticas na época
do lançamento da nave Soyuz, em março passado.
O coordenador da missão, Raimundo Mussi, as rebateu
de forma ostensiva. "Durante sete anos houve aportes
orçamentários que nunca foram contestados.
Poucos dias antes do vôo foram se preocupar com o
custo-benefício? O assunto foi levantado intempestivamente
em momento inoportuno." Os resultados dos oito experimentos
levados ao espaço por Marcos Pontes estão
sendo avaliados por cientistas no Instituto Nacional de
Pesquisa Aeroespacial (Inpe) em São José dos
Campos. (Simone Menocchi/AE)