Os
resultados dos oito experimentos levados ao espaço
por Marcos Pontes estão sendo avaliados por cientistas
no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Simone Menocchi
SÃO
JOSÉ DOS CAMPOS, SP - O astronauta brasileiro Marcos
César Pontes afirma que vai continuar trabalhando
no programa espacial brasileiro, mesmo tendo entrado para
a reserva da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em entrevista coletiva, ele deixou claro que o fato de ter
entrado para a reserva "não significa aposentadoria"
e não muda seu trabalho junto ao programa.
"No
dia em que eu me aposentar, pode levar flor para pôr
em cima", brincou, ressaltando que apenas a morte o
fará parar de atuar na área. "Vou explicar
para a indústria por que investir em ciência
e tecnologia, ir ao Congresso e tentar fazer leis neste
sentido. Sei que posso ajudar nesse setor".
Pontes
criticou a burocracia do atual sistema de transferência
de tecnologia do governo para a iniciativa privada. "É
um processo lento, demorado e pouco eficiente. Aqui no Brasil,
a gente opera num sistema um tanto difícil em termos
de transferência de produtos de pesquisa e desenvolvimento
para a indústria".
O
astronauta também pretende ajudar a Agência
Espacial Brasileira no reconstrução e lançamento
do VLS (Veículo Lançador de Satélites).
"Vou fazer contatos no exterior, e também dentro
do País. Continuo assessorando a Agência tanto
em Houston como em São Paulo".
A
Missão Centenário, que levou um brasileiro
ao espaço pela primeira vez, foi alvo de críticas
na época do lançamento da nave Soyuz, em março
passado.
Nesta
terça-feira, 21, o coordenador da missão,
Raimundo Mussi, ofereceu uma resposta. "Durante sete
anos houve aportes orçamentários que nunca
foram contestados. Poucos dias antes do vôo foram
se preocupar com o custo-benefício? O assunto foi
levantado intempestivamente em momento inoportuno".
A
tecnologia e a experiência conquistadas pelo País
durante os poucos dias no espaço não viriam
de outra fonte, afirmou. "Tem que tentar, errar, fazer
de novo, até conseguir alcançar. Porque este
tipo de tecnologia, ninguém transfere".
Os
resultados dos oito experimentos levados ao espaço
por Marcos Pontes estão sendo avaliados por cientistas
no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em
São José dos Campos.