FAMÍLIA DÁ ADEUS A VIRGÍLIO PONTES


Thatiza Curuci

Familiares, amigos, conhecidos e fãs do astronauta bauruense Marcos Pontes deram adeus, ontem de manhã, ao pai dele, Virgílio Pontes. Ele morreu aos 89 anos, anteontem, em decorrência de uma pneumonia, depois de permanecer internado por cinco dias. O corpo foi enterrado às 11h30, no Cemitério Jardim do Ypê, zona sul da cidade.

O astronauta chegou por volta das 9h da manhã, em vôo particular. Ele estava na cidade de Houston, nos Estados Unidos. Mostrando emoção em vários momentos, Pontes ressaltou que uma das maiores lições que aprendeu com o pai foi a educação. “O pai é muito importante na vida da gente, desde o momento que nos carrega no colo. Hoje, depois que muita coisa passou na minha vida, guardo o que ele me ensinou, a educação que ele me deu”, diz Pontes. E completou: “Certas idéias de projetos que eu tenho hoje são do meu pai”.

Pontes ficou feliz pelo pai ter realizado o sonho de vê-lo em uma missão espacial. “Ele torceu muito, a vida inteira, pela minha carreira desde o tempo que eu era menino. Espero que ele continue orgulhoso de mim”, ressaltou.

Rosa Maria Pontes, filha de “sêo Virgílio”, como era conhecido, aponta o amor à família, honestidade e simplicidade como os principais ensinamentos que aprendeu com o pai. “Meu pai era uma pessoa muito simples, mas muito sábia. Tudo o que ele fez e ensinou para nós é de grande valia. São valores que a família passará para as próximas gerações”, diz.

Durante o velório e enterro, a família estava serena e demonstrou, a todo momento, carinho e afeto até mesmo com os fãs do astronauta. Não foram poucas as pessoas que abordaram Pontes.

Cortejo

O cortejo fúnebre saiu no horário marcado, às 11h30. Os automóveis foram acompanhados por dois policiais militares de moto. No cemitério, os familiares aplaudiram sêo Virgílio, homenageando-o.

Logo depois do enterro do pai, o astronauta embarcou para Belo Horizonte (MG) para cumprir compromisso profissional. Em seguida, viajaria de volta para os Estados Unidos. Segundo a assessoria de imprensa, a família do astronauta não o acompanhou porque não chegariam a tempo para o enterro.

A saúde de Virgílio era acompanhada de perto pela família. Durante a decolagem e chegada de Marcos Pontes, ele foi monitorado por médicos. Os primeiros sinais de que o estado de saúde de Virgílio Pontes era preocupante surgiram na madrugada do último dia 7, quando ele foi atendido no Pronto-Socorro Central, reclamando de dores no corpo e ânsia. Foi medicado e voltou para casa. Mas no dia seguinte, os sintomas retornaram. Ele foi levado ao hospital e de lá não saiu mais. Seu pulmão direito estava tomado por uma pneumonia. O estado de saúde piorou com o passar dos dias. A pneumonia se instalou nos dois pulmões e ele precisou ser internado na UTI, com insuficiência respiratória. Às 18h de anteontem, seu estado piorou e ele entrou em coma. Na manhã de ontem, ele faleceu.

Virgílio Pontes nasceu em Pederneiras, a 26 quilômetros de Bauru, em 1917 e trabalhou na lavoura com seu pai até completar 18 anos, quando mudou para Bauru. Na cidade, trabalhou como alfaiate até 1961, quando se tornou funcionário público. Ele trabalhou como ajudante-geral no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC) até a aposentadoria.


Fonte: Jornal da Cidade de Bauru
Data:
15/09/2006