Seis meses depois de entrar para a história
como o primeiro brasileiro a viajar ao espaço, Marcos César
Pontes disse ontem que pretende voltar à Estação
Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). “John
Glenn (astronauta americano) retornou ao espaço aos 76
anos. Ainda tenho 43”, disse em palestra ontem à
tarde no Centro de Convenções da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE).
Pontes garante que ainda está ligado à agência
espacial americana Nasa, onde fez treinamento como parte de acordo
celebrado entre 16 países, incluindo o Brasil, para a construção
da ISS, a 400 quilômetros da Terra. “Agora estou a
serviço da indústria brasileira. Minha passagem
da Agência Espacial Brasileira (AEB) para o setor privado
está ocorrendo lentamente, mas já é uma realidade”,
disse.
Ele negou as acusações de que cobrava
para realizar palestras e que este tenha sido o motivo do seu
afastamento das Forças Armadas. Desde maio, Pontes está
reformado como tenente-coronel. “A Aeronáutica resolveu
me colocar na reserva depois do vôo porque cumpri a primeira
etapa da minha missão espacial”, justifica.
O vôo de Pontes partiu no dia 30 de março.
Ele deixou a base de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo
do foguete Soyouz rumo à ISS, ao lado do cosmonauta Pavel
Vinogradov e do astronauta Jeffrey Williams. No dia 9 de abril
estava de volta. A viagem, que a princípio deveria ser
parte do acordo internacional, acabou custando US$ 10 milhões
ao governo brasileiro.
A palestra do astronauta, promovida pela Rede
de Nanotecnologia Molecular e de Interfaces (Renami), não
chegou a lotar o teatro do Centro de Convenções
da UFPE, mas atraiu a curiosidade do público, composto
principalmente por jovens carentes atendidos pelo Estação
Futuro, programa do Governo do Estado. “Vim porque queria
saber como foi a experiência dele na Lua”, disse Célia
Cristina Gomes, 20 anos. A única missão tripulada
à Lua, no entanto, ocorreu em 1969.