PERGUNTAS
FREQUENTES SOBRE CARREIRA MILITAR
Atualizado:
Fevereiro de 2010
NOTA:
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Respondidas em Vídeo
Por
que o senhor optou por entrar na carreira militar?
Quando
era menino, eu sonhava em ser piloto. Não tinha dinheiro
para pagar horas de vôo e me tornar piloto civil. Portanto
a solução foi entrar na FAB. Entrei e nunca me arrependi.
É uma ótima carreira.
Como
faço para ser militar da Aeronáutica?
Primeiro
temos que saber a sua idade e série escolar. Se você
estiver no fundamental, você pode já fazer o segundo
grau na FAB, na EPCAR Escola Preparatória de Cadetes do
Ar, que fica em Barbacena, MG. De lá você vai direto
para a AFA e entra como Cadete para ser oficial.
Outra
coisa que você pode fazer é entrar para ser sargento
especialista, na escola de especialistas da aeronáutica,
em Guaratinguetá, SP.
Ou,
se já estiver no ensino médio, você pode prestar
vestibular para a Academia da Força Aérea AFA, em
Pirassununga SP. Ou pode prestar o vestibular do ITA (Instituto
Tecnologico de Aeronáutica, em São José dos
Campos, SP para ser engenheiro.
Se
já for formado, como médico, engenheiro, etc...pode
entrar como oficial.
Veja
mais informações na webpage da FAB (www.fab.mil.br)
O
senhor recomendaria alguém para entrar para a Aeronáutica?
Sem
dúvida! Faço isso todos os dias. É uma excelente
carreira.
O
senhor gosta ainda da Aeronáutica?
Eu
não gosto. Eu amo!...E sempre amei a Força Aérea.
Foi através dela que eu decolei para realizar meus sonhos
de piloto e de vida. Um dos meus sonhos era ser Brigadeiro e/ou
Comandar a Aeronáutica. Ser Brigadeiro eu não posso
mais porque tive que ser transferido para a reserva para continuar
minha carreira de Astronauta para o Brasil (Astronauta é
função civil). Mas a segunda, ser Comandante da
Aeronáutica, eu ainda posso ser , basta que o Presidente
da República, ou o Ministro da Defesa, queiram. Eu aceitaria
na hora!
Qual
o seu relacionamento atual com a Aeronáutica?
Excelente!
Como sempre foi.
Se
o senhor ficasse na Ativa da Força Aérea em 2006,
o que o senhor estaria fazendo hoje?
Criando
galinhas, é claro!
Veja
bem...
Como
eu não tinha os cursos necessários, e nem a experiência
de comando, (lembre-se que eu estou desde 1998 fora das funções
militares, executando apenas as funções da carreira
CIVIL de Astronauta!) eu não poderia ser promovido, sem
criar um caso "especial", ao posto de Coronel e muito
menos assumir postos de comando como o resto da minha turma de
academia militar.
Assim, vejamos...o que aconteceria se a FAB não tivesse
me transferido para a reserva?...
1.
Em 2006 eu teria que deixar o meu posto em Houston e retornar
ao Brasil, visto que o acordo entre a AEB e a FAB para me manter
na atividade civil acabou depois da missão Centenário.
2.
Isto é, hoje eu moro em Houston e fico à disposição
do Programa Espacial Brasileiro para contatos técnicos
e para a execução, a qualquer momento, da segunda
missão espacial brasileira. Se eu não tivesse sido
transferido para a reserva em 2006, eu deveria deixar Houston,
retornar ao Brasil.
3.
De volta ao Brasil como militar, eu teria que deixar a função
de Astronauta (ou ficar tipo "café com leite"
- sem atividade - para não ferir o regulamento militar
e outras coisas), e assumir as funções militares
possíveis de Tenente Coronel sem cursos (ser GSB de Base,
assegurar-se que a grama estava cortada, as ruas limpas, os soldados
nos postos de sentinela, etc).
4.
Em 2007, sem poder ser promovido, eu teria de ser "dispensado"
(despedido) da FAB, passando compulsoriamente para a reserva militar.
5.
Eu teria ficado de farda por mais um ou no máximo dois
anos e obrigatoriamente, pela função militar, deixado
a carreira civil de Astronauta. Talvez alguns até iriam
gostar...acho que me acham bonito de farda (risos). Porém
seria um grande desperdício de qualificação
e recursos investidos pelo Brasil em mim, na minha formação
de astronauta.
6.
O Brasil perderia seu único astronauta.
7.
AFAB não ganharia nada em ter "mais um" Ten.Cel.,
ainda mais sem a qualificação militar para continuar
a carreira!
8.
Eu ficaria chateado em ter sido desperdiçado pelo Brasil
e iria mudar para outro país, tranquilo, perto da praia,
e criaria galinhas para passar o tempo.
Ou
seja, se a FAB não tivesse decidido por me transferir para
a reserva militar em 2006, hoje eu estaria criando galinhas...
Diferente
do que eu faço hoje, não é? Já deu
uma olhada nas minhas atividades? Veja o meu currículo.
Sinceramente...a
decisão da FAB em me transferir para a reserva em maio
de 2006 foi inteligente, não foi?
Qual
o real motivo de você ter ido para reserva militar?
OK,
vamos lá novamente!...
Sabe...a
vida estava muito monótona...então eu resolvi fazer
isso só para mexer com a cabeça daqueles menos dotados
de inteligência!...kkkkkk.
OK...Brincadeirinha...
Agora
sério...
Desculpe,
mas esse assunto é tão ridículo, e alguns
boatos absurdos foram capazes de causar tanta balbúrdia
no país, que... só brincando e rindo mesmo!
Eu
tenho certeza que qualquer brasileiro sensato, bastando investir
alguns poucos minutos de raciocínio, e em alguma pesquisa
na internet, irá rapidamente inferir as razões pelas
quais TODOS os astronautas de origem militar acabam sendo obrigados
a serem transferidos para a reserva (por mais que nós gostemos
do corte bem feito das nossas fardas de gala!).
Na
verdade, como todos deveriam saber, ou procurar saber (pelo menos!)
antes de falar besteiras...eu estou na função civil
de astronauta (astronauta é função civil),
representando o Brasil no exterior, desde 1998! Já são
mais de 10 anos, completamente fora do serviço ativo militar
da Força Aérea! Então essa conversa toda
está atrasada pelo menos 10 anos! Se alguém realmente
me achasse bonito de farda, deveria ter se manisfestado em 1998,
e eu não teria aceito o cargo civil de Astronauta. Deixaria
para qualquer outro, um "José" qualquer, preparado
ou não, representar o Brasil!
Será
que hoje o "pessoal das avessas" iria ficar satisfeito
com esse nosso "representante"? Acho que sim, não
é? Esse pessoal não quer nada de bom. O que eles
querem mesmo é ver o "circo pegar fogo"!
Em
todo caso...
Depois
de estar fora das funções militares desde 1998,
após a Missão Centenário, em 2006, o Comando
da Aeronáutica simplesmente, e sabiamente, oficializou
minha passagem do serviço ativo militar para a reserva,
para que eu pudesse continuar meu trabalho eficientemente em prol
do programa espacial e do país, aí de forma mais
completa sem as incompatibilidades com o regulamento militar,
nas funções civis de astronauta.
Isso
também foi feito, como é sempre feito, pelo Exército
Americano com os meus companheiros de missão, os astronautas
americanos e os cosmonautas russos: os Coronéis hoje
da reserva do Exército Americano William McArthur e
Jeffrey Williams, e o coronel também transferido para
a reserva da Força Aérea Russa, Valeri Tokarev.
O Pavel Vinagradov sempre foi civil. Obviamente, assim como eu,
todos eles continuam como Astronautas da ATIVA! É claro!
A
passagem para a reserva de astronautas oriundos da carreira militar
é algo completamente normal e necessária para que
assumamos nossas funções completamente na carreira
civil de astronautas. Isso é feito em todos os países
desenvolvidos que possuem astronautas e pretendem continuar utilizando-os
para o programa espacial. Existe um momento na carreira que uma
escolha tem de ser feita pela respectiva força armada:
ter um militar nas fileiras ou um astronauta para o país,
visto que as duas funções são incompatíveis
a partir de um determinado ponto. No Brasil, infelizmente, a imprensa
de qualidade inferior, sedenta por polêmicas que rendam
mais vendas e lucros, e sem se preocupar em verificar os fatos,
causou uma grande desinformação, que acredito que
seja a razão dessa pergunta.
Assim,
infelizmente, o trabalho destrutivo e desinformativo de parte
da imprensa brasileira causou um enorme prejuízo à
cultura e ao orgulho nacionais quando tratou de forma ignorante
e irresponsável a transferência do então,
Ten. Cel. Av. Pontes, mas também conhecido como o Primeiro
Astronauta Brasileiro, em função civil desde 1998,
para a reserva da Força Aérea em 2006. Muita gente
foi conduzida pela imprensa de difamação a pensar
que essa tranferência teria sido feita por interesses pessoais
do astronauta, para "dar palestras", ou que o astronauta
estava "se aposentando", ou qualquer outra imbecilidade
criada no mesmo nível de ignorância...
Na
verdade, a história dos fatos é muito diferente
e certamente todos que conhecem a carreira e história de
vida do Astronauta Marcos Pontes nunca acreditaria em tamanho
absurdo:
Em
resumo:
-
Astronauta
é uma função civil.
-
As
atividades de um astronauta não envolvem qualquer tipo
de tarefa militar.
-
Todas as agências espaciais são instituições
civis.
-
Não existe a função militar de "astronauta".
Existem astronautas de formação civil e alguns
astronautas oriundos da carreira militar, contudo, hoje todos
exercem exclusivamente a função civil de astronauta.
-
Portanto, desde 1998 o astronauta Marcos Pontes tem exclusivamente
atividades civis.
-
Ou seja, ele já está fora das funções
específicas da ativa militar, e consequentemente, na
prática, fora da tropa, há cerca de 10 anos.
-
Logicamente, ele poderia ser chamado às funções
típicas do serviço ativo a qualquer momento,
no caso de guerra ou interesse da Força, por exemplo.
Mas isso pode ser feito de qualquer forma em qualquer tempo,
mesmo hoje, depois que foi transferido em 2006 para a reserva
pela FAB.
-
Aliás a decisão da FAB de transferi-lo para
a reserva não foi nenhuma novidade.
-
Primeiro porque ele já estava, na prática, fora
da ativa há muitos anos.
-
Depois, porque isso é feito como evento normal de carreria
com todos os astronautas dos países desenvolvidos que
são oriundos da vida militar. Apenas uma mudança
de fase.
-
Por exemplo, TODOS os astronautas que voaram com ele no espaço,
ou já eram civis de formação ou estão
na reserva militar também.
-
As razões essenciais são simples: a legislação
e a hierarquia do militar da ativa são incompatíveis
com as necessárias atividades administrativas comuns
para a função civil de astronauta para seu uso
completo como, gerenciamento de programas civis da área,
contatos políticos em prol do programa, contatos internacionais,
etc.
-
Talvez por ele ter sido o primeiro brasileiro a trabalhar
nessa área como astronauta profissional, no Brasil
observou-se um grande despreparo quando a FAB fez o procedimento
normal de transferência profissional do setor militar
para o setor civil e privado.
-
Obviamente, hoje em dia ele continua disponível na
função operacional de astronauta para os vôos
espaciais que o Brasil definir, ou como engenheiro e educador
na assessoria técnica, contatos internacionais, treinamento,
etc, quando solicitado, pelo Programa Espacial Brasileiro
ou pelas empresas privadas nacionais.
-
O
astronauta também está, desde 2006, e conforme
plenamente conhecido pelas autoridades brasileiras, disponível
para assumir cargos na administração do Programa
Espacial ou outros projetos do setor aeroespacial brasileiro.
O
Astronauta "aposentou" em 2006?
-
Não.
Ele foi transferido para a reserva militar, mas continuou
a exercer a função de astronauta, que é
função civil, da mesma forma que vinha executando
desde 1998.
-
Atualmente
o astronauta tem inúmeraas atividades em prol do Programa
Espacial Brasileiro e pode ser escalado a qualquer momento
para a segunda missão espacial.
-
O
astronauta tem uma carreira brilhante no setor aeroespacial,
é um apaixonado pelo vôo (em especial pelo espaço)
e trabalhou décadas com grande sacrifício pessoal
e familiar para atingir o topo do conhecimento técnico
e operacional na área. Não faria nenhum sentido
abandonar todo esse esforço e outras possibilidades
profissionais como outros vôos espaciais, possíveis
posições de gerência na área, etc.
-
Acreditar que o astronauta iria se "aposentar" justamente
no momento de maior impulso de sua carreira na sua área
de atuação é, no mínimo, um pensamento
ingênuo.
-
Note que a carreira militar e a carreira de astronauta são
duas coisas completamente distintas.
-
Assim, reserva militar obviamente não é sinônimo
de "aposentadoria" da carreira aeroespacial. Muito
pelo contrário.
O
Astronauta tornou-se Palestrante?
-
TODOS
os Astronautas são palestrantes. Essa atividade faz
parte da função de astronauta e o Astronauta
Brasileiro faz palestras desde 1998. A partir de 2006, devido
à ampla divulgação pela imprensa que
ele havia se "tornado um palestrante", ele passou
a ser convidado para compartilhar seu extenso conhecimento
e experiências de vida e profissionais no setor privado.
Assim, ele usou os obstáculos atirados pela polêmica
negativa que fizeram a seu respeito e transformou-os em tijolos
para construir uma nova e rendosa atividade profissional.
Portanto, a partir de toda aquela propaganda, ele passou a
fazer palestras profissionalmente, para empresas e outras
instituições.
-
Os
militares da ativa são autorizados legalmente a terem
atividades intelectuais paralelas, incluindo proferir palestras
e dar aulas de forma regular e remunerada.
-
Milhares de militares da ativa, por todo o Brasil, exercem
essas atividades regulares paralelas.
-
Embora o astronauta não tivesse usado dessa possibilidade
quando militar da ativa, já que sua agenda principal
era ligada inteiramente às atividades ligadas ao programa
da ISS e todas as centenas de palestras que proferiu desde
1998 eram de cunho institucional, visando apenas motivar jovens
estudantes e profissionais para a vida militar e as carreiras
de ciências e tecnologia, ele poderia ter essa atividade
paralela de forma remunerada e continuar confortavelmente
como militar da ativa sem qualquer problema.
-
Portanto, fazer palestras não foi, logicamente, a razão
de sua transferência para a reserva militar.
O
T.Cel. Pontes pediu "baixa"?
-
Embora
a transferência para a reserva seja uma sequência
normal da carreira militar, a decisão da transferência
do Ten.Cel.Av. Pontes para a reserva da FAB foi uma decisão
conjunta do Comando da Aeronáutica com o astronauta.
-
Dos
122 Aviadores da turma do Astronauta na Academia da Força
Aérea (turma 84), apenas 48 continuam na ativa. Todos
os outros já foram para a reserva militar.
-
O
Astronauta Marcos Pontes gostaria de ser Brigadeiro, mas isso
nâo seria possível.
-
As razões da decisão foram de cunho totalmente
institucional, não pessoal (como se verá mais
adiante).
-
Para o astronauta, do ponto de vista pessoal, a posição
de ficar na ativa, trabalhando no programa espacial apenas
nas funções operacionais em Houston e aguardando
próximas escalações era extremamente
mais cômoda e confortável do que a transferência
para a reserva e as atividades técnico-administrativas.
-
Portanto, a transferência para a reserva foi apenas
um passo a mais necessário, embora inicialmente fora
da zona de conforto, na carreira aeroespacial do astronauta
brasileiro.
Falta de perspectivas de outros vôos espaciais?
-
Realmente, no cenário do programa espacial a probabilidade
de termos outro vôo tripulado é praticamente
nula.
-
Contudo essa probabilidade também era, da mesma forma,
quase nula entre 2001 e 2005, mesmo em face da existência
de um astronauta treinado.
-
Acontece que a participação brasileira na ISS,
programa que possibilitaria a missão espacial, tinha
sido completamente colocada de lado pela administração
durante esses anos.
-
Mesmo assim, o astronauta manteve-se firme em suas atividades
de treinamento e técnicas, trabalhando incansavelmente
em todas as áreas possíveis para assegurar a
continuidade do programa, agarrando-se à mínima
chance de cumprir sua missão.
-
A oportunidade apareceu quando a AEB decidiu fazer a Missão
Centenário com o objetivo de levar experimentos brasileiros
para o ambiente de microgravidade (espaço). A missão
poderia ser tripulada pelo astronauta brasileiro ou pelo cosmonauta
Sergei Volkov. Pontes demonstrou com o seu trabalho durante
o treinamento final que ele seria a melhor escolha.
-
A primeira missão espacial brasileira tripulada foi
cumprida por um brasileiro e não por um russo.
-
Portanto, isso demonstra claramente que a aparente falta de
perspectiva de outras missões espaciais não
desanima o nosso astronauta. Pelo contrário, ele adora
desafios, e isso dá a ele ainda mais razões
para continuar no esforço por outros vôos tripulados
e formar mais astronautas no Brasil.
Falta de perspectivas da carreira militar?
-
A
carreira militar do Ten.Cel.Av. Pontes foi estacionada em
1998, quando ele foi escolhido para as funções
de astronauta, representando o Brasil na NASA junto a outros
15 países participantes do programa da Estação
Espacial Internacional.
-
Durante todos esses anos, ele não pode acompanhar a
sua turma de academia militar nos cursos de carreira e nas
funções normais de assenção na
carreira da administração militar.
-
Ou seja, sua carreira militar foi sacrificada em prol da sua
função civil no programa espacial para o Brasil
-
Sem os cursos de carreira, o Ten.Cel.Av Pontes não
poderia ser promovido ao posto de Coronel com a sua turma
em agosto de 2007, assim como não poderia assumir nenhuma
função de comando, por falta dos cursos e por
falta de experiência nas funções militares.
-
Em resumo, o Ten.Cel.Av. Pontes, para o sentido militar da
Força Aérea, é mais um ótimo piloto
militar, mas sem qualquer experiência na administração
militar como o restante de sua turma que continua na ativa.
-
Nas palavras do Comandante da Aeronáutica da época
(respondendo à pergunta feita por um oficial durante
uma palestra proferida pelo Comandante para o efetivo, exatamente
no período em que Pontes estava no espaço):
"O que fazer com o astronauta depois da missão
espacial? Não existe mais lugar para o Ten.Cel.Av.
Pontes para funções militares na Força
Aérea. Ele pode ser muito mais útil para nós
e para o Brasil trabalhando formalmente como civil, fora da
ativa da FAB"
-
Realmente, esse impedimento na continuidade da carreira militar
e falta de utilidade na administração militar
foi um dos pontos influentes para a decisão do Comando
em transferir o Ten.Cel. Pontes para a reserva. Porém,
não foi ainda o principal.
Fluxo normal de carreira militar?
-
Um grande número de companheiros de turma de Academia
Militar do astronauta também já foram transferidos
para a reserva. E esse número cresce a cada instante.
-
É
normal um "afunilamento" de oficiais a medida que
os postos vão subindo. Isto é, dos 122 aspirantes
aviadores formados na AFA com Marcos Pontes, apenas dez ou
vinte chegarão ao posto de Brigadeiro.
-
Contudo, a princípio, se houvesse o curso normal da
sua carreira militar, provavelmente essa também não
seria uma razão primária para a tranferência
do Ten.Cel.Av Pontes para a reserva pela FAB.
-
Porém poderia ser possível a depender do contingente
e das necessidades da Força.
Redução
de custos?
-
Durante
todo o período em que esteve na ativa, trabalhando
na função civil de astronauta para o programa
espacial brasileiro em Houston, a FAB foi responsável
por todas as obrigações trabalhistas como salários,
seguros, etc, enquanto a AEB se responsabilizava pelos custos
do treinamento.
-
Diferente do que é feito com os astronautas de origem
militar americanos, onde a NASA reembolsa os custos para as
respectivas Forças, a FAB não era reembolsada
pela AEB. Havia apenas um acordo entre as instituições
válido até a conclusão com sucesso da
missão espacial.
-
Após a primeira missão espacial, não
havendo nenhuma outra missão prevista pelo Brasil,
não existe treinamento específico e, em consequência,
nenhum custo de treinamento.
-
As funções do astronauta são atualmente
nas áreas de assessoria técnica e relações
internacionais, por solicitação da AEB e do
IAE, ficando de "stand-by" para a área operacional,
isto é, caso uma outra missão seja escalada,
o astronauta voltará às funções
operacionais em tempo integral.
-
O salário do Ten.Cel.Av. Pontes na reserva, mesmo estando
na mesma função de astronauta, é cerca
de apenas um terço do salário que tinha ainda
como militar da ativa no exterior.
-
Portanto a transferência do Ten.Cel.Av. Pontes para
a reserva também representa uma economia para a FAB.
-
Contudo, visto a aplicação geral para o país,
essa também não seria uma razão primária
para a transferência do Ten.Cel.Av Pontes para a reserva
pela FAB.
"Egos"
e problemas de hierarquia?
-
A
grande atenção pública natural voltada
para o Ten.Cel.Av. Pontes, em qualquer local em que se encontre,
por ser ele também o primeiro astronauta brasileiro,
é um fato que poderia, teoricamente, incomodar oficias
de postos mais elevados.
-
Isso, em tese, poderia gerar certos problemas hieráquicos
e comportamentais de difícil trato pelo Comando.
-
Contudo, a simplicidade e a humildade característicos
do trato simpático do nosso astronauta com todas as
pessoas tendem a reduzir esse problema.
-
Em todo caso, esse é sem dúvida um fato que
historicamente já demonstrou o seu potencial devastador
em outros países (no que relaciona com astronautas
de origem militar) e também pode ser facilmente observado
em todas as áreas de atuação profissional.
-
O potencial desse fator é bastante alto e não
pode ser desprezado.
-
A influência desse fator nunca foi citada pelo Comando
como contribuinte para a decisão da transferência
do Ten.Cel.Av Pontes para a reserva . Pela reconhecida maturidade
dos profissionais envolvidos, acredita-se que não tenha
sido determinante.
Quais
seriam então as razões determinantes para a decisão
do Comando da Aeronáutica para a transfência do Ten.Cel.Av.
Pontes para a reserva?
As
razões determinantes para a decisão do Comando da
Aeronáutica ter transferido o Ten.Cel.Av Pontes, o astronauta
brasileiro, da ativa militar para a reserva são bastante
claras, diretas e simples:
-
Astronauta é uma função civil.
-
Desde 1998 o Ten.Cel.Av. Pontes, o astronauta brasileiro,
tem exclusivamente atividades civis para o Brasil e consequentemente
já está está fora das funções
da ativa militar (na prática fora da tropa) há
cerca de 10 anos.
-
A legislação e a hierarquia do militar da ativa
são incompatíveis com as necessárias
atividades administrativas comuns para a função
civil de astronauta para seu uso completo como, gerenciamento
de programas civis da área, contatos políticos
em prol do programa, contatos internacionais, etc.
-
A transferência de astronautas de origem militar para
a reserva é a solução mais lógica
e eficiente para o aproveitamento do profissional.
-
Essa solução é empregada já há
muito tempo por todos os outros países mais experientes
na área do vôo espacial tripulado.
03/05/07
15:56:44
Sr Marcos! Como primeiro Astronauta brasileiro a ir para
espaço, por que se aposentar tão cedo?! Por que
não ajudar o Brasil a desenvolver -se mais em questão?
Falaram
um monte de besteiras, e algumas pessoas acreditaram. Escrevi
muito já sobre esse assunto. Companheiro, esqueça
essa bobagem! Eu servi, e muito bem, o País como Piloto
Militar até 1998. De lá para cá, eu sou Astronauta.
Isso é função civil, e continuo servindo
o Brasil de forma exemplar. Existem críticos, imbecis,
e pessoas que realizam. Escolha a terceira opção.
Junte-se às pessoas que realmente fazem diferença
e não tem tempo para inventar asneiras ou repeti-las. Nós
trabalhamos realmente, nós não temos tempo para
bogagens, nós somos os melhores. Qualquer comentário,
opinião, ou especulação diferente disso,
desconsidere...estão apenas querendo que você mude
de time! Mediocridade adora companhia! (risos..)