PERGUNTAS
FREQUENTES SOBRE PROGRAMAS E SISTEMAS ESPACIAIS
Atualizado:
Fevereiro de 2010
NOTA:
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Perguntas
Respondidas em Vídeo
Qual
é o papel atual do programa espacial?
O
programa espacial brasileiro, que iniciou suas operações
no começo da década de 60, tem seus objetivos definidos
atualmente pela Agência Espacial Brasileira, e basicamente
pretende trazer soberania, produtos, serviços e desenvolvimentos
científicos específicos para as necessidades nacionais.
Qual
a avaliação que o senhor faz, hoje, da AEB. A evolução
do Brasil neste setor é satisfatória, haja visto
que investimentos desde 1961 nunca foram generosos e sim escassos?
Considerando
o histórico de orçamentos existentes em todos os
anos do programa espacial no Brasil, a AEB faz o possível
para manter e desenvolver seus projetos. Não é uma
tarefa fácil. Falta conhecimento público e político
sobre o programa e suas vantagens e necessidades para o País.
Por exemplo, a missão centenário, foi talvez o melhor
investimento (custo/benefício) de exposição
positiva e resultados práticos de conhecimento público
do programa. Veja bem, a missão foi parte da participação
do Brasil na ISS. Durante os anos desse projeto (de 1997 até
hoje), a custo da missão representou cerca de 1% do total
recebido dos orçamentos da AEB naqueles anos. Os outros
99% foram usados, obviamente, nos outros projetos e atividades
do programa. Certamente eles tinham resultados e utilidade tambeem,
mas que não tiveram praticamente nenhuma repercussão
pública quando comparados à missão centenário.
O orçamento anual da AEB corresponde a menos de 15 dias
de custo do Congresso Nacional (segundo números da "Transparência
Nacional"). O investimento feito pela AEB na sua missão
centenário correspondeu a cerca de 1 dia decusto do Congresso.
Isso dá uma noção relativa interessante.
O Brasil ainda tem um longo caminho para desenvolver completamente
o Programa Espacial. Mas isso é absolutamente importante
e necessário, e precisa da conscientização
e apoio de todos nós.
Como
a cooperação entre países contribui para
conhecermos melhor o espaço e a própria Terra?
Atualmente
observamos que os projetos espaciais mais complexos da humanidade,
no nível atual de necessidade, só podem ser realizados
através da cooperação entre países.
Podem ser um bom exemplo para os governantes de como um objetivo
positivo e comum pode usar diferentes culturas, religiões,
e todas as outras diferenças que sempre foram usadas na
história para separar pessoas e justificar guerras sangrentas,
para analisar um problema por pontos de vista distintos, cada
um contribuindo de forma particular para a sua solução.
O
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou um projeto
da Nasa que levaria humanos de volta a lua. O programa Constellation
envolvia foguetes novos e uma nova nave tripulada chamada Orion
para colocar astronautas na superfície lunar por volta
de 2020. A Nasa já gastou cerca de US$ 9 bilhões
no projeto. Qual sua opinião sobre o assunto?
Assim
como outros cortes já feitos no passado nos programas da
NASA, algumas vezes existe uma análise posterior que normalmente
reverte a decisão ou redireciona os esforços para
outros setores e projetos, mantendo-se, ou ampliando os recursos
inicialmente considerados. Trabalham diretamente nos 11 Centros
da NASA um número aproximado de 100 mil profissionais (NASA
e contratados), além de outras centens de milhares indiretos,
nas empresas e instituições de apoio. Um corte direto
de recursos de projetos significa cortar milhares de empregos
também. Tomar uma decisão desse tipo e mantê-la
é uma função difícil. Obama tem o
cenário geral do país nas mãos, e confiamos
que ele saiba dar a direção correta para as políticas
americanas (sua função).
Qual
sua opinião sobre?
a) Turismo Espacial
Muito
bom para o desenvolvimento das atividades e sistemas espaciais
como um todo. Assim como aconteceu com o desenvolvimento da aviação
comercial, a presença de "passageiros" (turistas
espaciais) e o interesse comercial produz melhor tecnologia, maior
segurança e mais empregos para nós, os profissionais
da área (astronautas profissionais).
b)
O Brasil tem condições de lançar uma nave
tripulada
Terá,
no seu tempo. Primeiro, no setor público e quanto à
vôos orbitais, precisamos focar nos sistemas de lançamento,
controle e foguetes com tecnologia nacional. No setor privado,
nada impede de tentarmos o desenvolvimento de espaçonaves
tripuladas suborbitais (como o SpaceShip 2), que são muito
mais fáceis de desenvolver quando comparadas a naves orbitais.
O
governo brasileiro deu ou continua dando suporte financeiro para
que o senhor participe destas missões, e com isto, possa
fomentar a AEB (Agência Espacial Brasileira), fazendo com
que o país esteja atento a estes tipos de investimentos
em pesquisas?
Eu
trabalho junto com a AEB, que tem um orçamento anual para
gerir os projetos do Programa Espacial Brasileiro. No momento,
no setor técnico, o foco do programa está na reconstrução
da torre de lançamento de Alcântara, no setor científico
no desenvolvimento de novos satélites e tecnologias críticas
do programa, e no setor de formação de recursos
humanos para o programa. Assim, eu trabalho também junto
a Universidade de São Paulo, onde sou pesquisador e professor
convidado na estruturação de um curso de engenharia
aeroespacial público para a formação de profissionais
especializados para trabalharem nos diversos projetos do programa.
Que
tecnologia originada do programa espacial é utilizada no
dia-a-dia?
Existem inúmeros usos da tecnologia espacial no dia-a-dia.
Esses desenvolvimentos podem vir diretamente do uso de equipamentos
no espaço, como telefonia celular, transmissão de
televisão, previsões meteorológicas, etc,
ou de tecnologias desenvolvidas indiretamente, chamadas “spinoffs”
que geram produtos, empresas e milhões de empregos. Para
mais detalhes, consulte o site da NASA (www.nasa.gov) com procura
pelo termos “Spinoff”.
Quais
tecnologias poderiam ser utilizadas ainda não disponíveis?
Tínhamos cerca de 85 experimentos naquele momento na ISS.
O site da NASA (www.nasa.gov) apresenta a relação
e resultados conhecidos. O Brasil enviou 8 deles. Eles podem ser
encontrados no site da AEB (www.aeb.gov.br) e seus resultados
específicos podem ser fornecidos pelos cientistas responsáveis
indicados na lista da AEB.
Qual
a sua avaliação em relação aos descrentes
destes projetos, que pensam que é um dinheiro mal investido,
pois somos um país com muitos problemas sociais, educação,
saúde..etc.
Típico
de pouca visão estratégica e/ou puro desconhecimento
do assunto ciência e tecnologia na realidade mundial. O
número dessas pessoas tende a cair com a melhora da educação.
Como
tem evoluído a participação do Brasil na
exploração do espaço e qual a importância
disso para o nosso país?
O
Brasil precisa de maior constância nos projetos do programa
espacial. Isso tem sido tentado pela AEB, pelo que observo, porém
ainda não foram conseguidos os resultados estáveis
que todos nós esperamos. A Missão Centenário
foi um ponto positivo muito marcante na história do Programa
Espacial Brasileiro. Infelizmente também tivemos eventos
marcantes negativamente, como o acidente em Alcântara, onde
perdi vários amigos. Esse tipo de acidente não é
incomum em todos os programas mais desenvolvidos que o nosso.
Mas sem dúvida é sempre uma coisa muito triste e
deveria inspirar autoridades para uma maior estabilidade na área.
Temos satélites construídos no Brasil e em conjunto
com outros países. É um bom avanço para termos
os sistemas próprios.
Quantos
anos você acredita serem necessários para que o Brasil
atingir o terceiro passo ?
R: Difícil dizer...chutando...uns 15 anos.
Quanto
tempo leva para o ônibus espacial perder todos os tanques
de combustível e para chegar à Estação
Espacial?
O tanque externo de Oxigênio e hidrogênio líquido
se esgota em pouco mais de 8 minutos! O acoplamento com a ISS
se da depois de muitas órbitas, normalmente de um a dois
dias. Tudo é feito de forma muito cuidadosa.
Como
funciona o sistema de navegação durante o vôo?
Temos sistemas inerciais, telemetria com o solo, navegação
estelar e todos os sistemas de navegação para pouso.
Como
o ônibus espacial consegue voar no espaço?
A
movimentação e controle de atitude do ônibus
espacial no espaço são feitas utilizando-se foguetes
de hidrazina (dois grandes para mudanças de órbita,
e 44 pequenos para controle de atitude).
Como
está o Programa Espacial Brasileiro?
Precisamos
ainda de muita coisa. A AEB tem tentado imprimir alguma continuidade,
mas, para falar a verdade eu não tenho muito acesso a administração.
Gostaria de ter mais!
Qual
a sua opinião sobre o papel do Brasil na exploração
espacial?
O
Brasil precisa de maior constância nos projetos do programa
espacial, em especial nas cooperações internacionais,
visto que ninguém faz nada de realmente grande sozinho
nessa área. Isso tem sido tentado pela AEB, pelo que observo,
porém ainda não foram conseguidos os resultados
estáveis que todos nós esperamos. A Missão
Centenário foi um ponto positivo muito marcante na história
do Programa Espacial Brasileiro. Infelizmente também tivemos
eventos marcantes negativamente, como o acidente em Alcântara,
onde perdi vários amigos. Esse tipo de acidente não
é incomum em todos os programas mais desenvolvidos que
o nosso. Mas sem dúvida é sempre uma coisa muito
triste e deveria inspirar autoridades para a necessidade estratégica
da área. Temos satélites construídos no Brasil
e em conjunto com outros países. É um bom avanço
para termos os sistemas próprios. Mas ainda temos um longo
caminho pela frente.
Não
havia meios de detectar o problema no Challenger e evitar o acidente?
Conhecendo o pessoal de segurança, se o problema do Challenger
tivesse sido detectado, teriam segurado a decolagem e evitado
a morte dos astronautas. Atualmente o cuidado passou a ser tanto
que quase ultrapassa a capacidade técnica de assegurar
a segurança. Isso tornaria as missões inviáveis.
Existe um nível de risco alto nas missões. Todos
nós, astronautas, sabemos disso e aceitamos o risco como
parte da nossa profissão (como um piloto militar em missão
de guerra).
Para
quando está programado o lançamento do VLS brasileiro?
Ainda
não temos data. Os sistemas do veículo foram aperfeiçoados
em relação ao protótipo 3. Os procedimentos
também. Contudo, problemas administrativos (licitação)
com a construção da torre de lançamento têm
atrasado o lançamento significativamente. Isso é
EXTREMAMENTE LAMENTÁVEL. Sem dizer que, para reduzir o
risco de novos acidentes, também será necessário
que todos os sistemas, instalações e pessoal (especialmente)
estejam testados e treinados. Isso só pode ocorrer com
uso freqüente da base para lançamentos. Isso não
tem ocorrido.
Alan
Apio (26/03/07 15:40:08)
Por que o Endeavour não é utilizado com
a mesma regularidade do Discovery e do Atlantis? Qual o quesito
de escolha do ônibus espacial pra viagem?
Os
ônibus são escalados quando estão em condições
para tal. Provavelmente o Endeavour tem apresentado algum tipo
de problema que tem impedido a sua escalação.
Eduardo
(09/03/07 22:42:47)
Marcos, Por que a Nasa não aproveita os Tanques
Externos para construções em órbita? Um abraço
e parabéns pelo excelente trabalho.
Isso
foi pensado. Na verdade, existem projetos para transformá-los
até em módulos para turistas! Não sei exatamente
porque foram abandonados. Certamente algum problema com custos.
Sergio
Luis (14/03/07 13:33:25)
Olá Marcos!!! Em primeiro, parabéns pra
você. Você é um orgulho para o nosso país.
Agora, qual a velocidade de subida do Ônibus Espacial. Abraços.
A
velocidade cresce de forma assustadora em 8 min e 25 segundos,
indo de 0 a 28000 km por hora!
14/03/07
10:55:46
Olá Marcos, muito boa sua
matéria, deve ser adrenalina pura. Gostaria de saber quanto
tempo gasta para o ônibus espacial perder todos os tanques
de combustível e em quantas horas chega na Estação
Espacial.
O
tanque externo de Oxigênio e hidrogênio líquido
se esgota em pouco mais de 8 minutos! O acoplamento com a ISS
se da depois de muitas órbitas, normalmente de um a dois
dias. Tudo é feito de forma muito cuidadosa.
18/03/07
19:57:19
Show de matéria Marcos, mas porque o foguete sobe
inclinado?
A inclinação é necessária para a inserção
correta na órbita desejada respeitando os limites estruturais
da espaçonave;
Arthur
(13/04/07 17:58:22)
Olá Marcos, tudo bom? Gostaria de saber se com
este tipo de Ônibus e Espacial é possível
chegar a lua.Quando aconteceram as missões Zond e a Apolo
11, eram este tipo de Ônibus? De acordo com o seu texto
entendi que o combustível utilizado só tem a capacidade
de colocar a espaçonave em órbita, para se chegar
na Lua é necessário um outro tanque de combustível?
Parabéns pelo seu blog que mostra a sua coragem diante
da visão de milhões de brasileiros, que muitas vezes
é crítica a seu respeito.
Não é possível chegar a Lua com o ônibus
espacial (infelizmente). As espaçonaves ORION, que deverão
substituir os ônibus espaciais poderão realizar esse
tipo de missão na configuração adequada.
Luiz
Miguel (10/04/07 08:24:22)
Olá tudo bem Marcos!? Admiro muito o seu trabalho
e sou um grande fã. Gostaria que você colocasse um
tópico falando porque em 1969 o homem pisou na lua, e depois
disso ninguém nunca mais pisou lá. Qual o motivo?
Porque hoje com tanta tecnologia ninguém mais se arriscou
a chegar até lá? Medo de não conseguir???
Acho que essa história não passa de uma farsa! Hoje
dinheiro é o que não falta para muitas nações
chegarem até a lua. Ficaria muito grato se pudesse nos
explicar pelo fato de depois de tanto tempo, ainda eles não
se arriscaram a pisar em solo lunar novamente. Um grande abraço.
A explicação desse fato, pela NASA, é que
não houve interesse econômico que justificasse o
retorno, assim como, nos dias de hoje, o padrão necessário
de segurança torna uma missão dessas EXTREMAMENTE
complexa. Com o desejo de chegar a Marte, ir a Lua agora pode
valer a pena para os paises participantes, dando chance para que
desenvolvam lá as tecnologias necessárias para a
grande aventura.
Roberto
Takata (09/04/07 19:36:34)
Por que essas reconfigurações precisam ser
feitas pelos tripulantes e não de modo automático
por computadores?
A carga de trabalho da tripulação permite esse tipo
de reconfiguração, tornando o processo e os sistemas
mais simples e reduzindo a possibilidade de falhas.
Cleidson
(08/04/07 20:39:47)
Legal Marcos, interessante, queria saber de que material
é feito o tanque externo, e que temperatura é fora
da nave nessa altitude de 400 Km que você fala. Valeu..
A estrutura dos tanques é feita de alumínio aeronáutico,
porem revestida termicamente por um material depositado (um material
como uma espuma endurecida). A temperatura fora da espaçonave
depende de onde e medida, visto que diferentes materiais irão
absorver a radiação solar de maneira distinta.
André
Santos (07/05/07 13:02:26)
Senhores, prestem atenção no painel de controle
da nave... eh sensacional... adorei. Marcos, quanto tempo de treinamento
até dominar todos dos comandos/controles?
Pelo
menos 2 anos!
Fábio
H. (27/04/07 13:44:14)
Primeiramente, parabéns pela série, está
muito bem feita e cheia de informações interessantes.
Bem, vamos a dúvida: No filme Armagedon a nasa teria construído
duas naves aparentemente, substituindo os ônibus espaciais.
A nasa hoje tem algum cronograma para o desenvolvimento de novos
tipos de "transporte espacial"?
Sim.
O Congresso Americano determinou que a NASA pare os ônibus
espaciais em 2010. O substituto já esta a caminho e espera-se
que esteja em operação por volta de 2012 (eu duvido).
25/04/07
21:32:08
Olá! Gostaria de saber quando está programado
para ser lançado o VLS brasileiro??
Ainda não temos data. Os sistemas do veículo foram
aperfeiçoados em relação ao protótipo
3. Os procedimentos também. Contudo, problemas administrativos
(licitação) com a construção da torre
de lançamento têm atrasado o lançamento significativamente.
Isso é EXTREMAMENTE LAMENTÁVEL. Sem dizer que, para
reduzir o risco de novos acidentes, também será
necessário que todos os sistemas, instalações
e pessoal (especialmente) estejam testados e treinados. Isso só
pode ocorrer com uso freqüente da base para lançamentos.
Isso não tem ocorrido.
(18/05/07
23:50:24)
Que erro grave que foi autorizar o último lançamento
da Challenger. Será que não havia meios de detectar
o problema que havia no foguete? Naquela época os lançamentos
dos ônibus espaciais eram bem mais freqüentes, foram
9 lançamentos em 1985 e o da Challenger já era o
segundo de 1986 e ainda era janeiro. Hoje quando a NASA lança
4 ou 5 por ano é muito, o cuidado parece ter sido triplicado
depois dos acidentes da Challenger e da Columbia.
Conhecendo
o pessoal de segurança, se o problema do Challenger tivesse
sido detectado, teriam segurado a decolagem e evitado a morte
dos astronautas. Atualmente o cuidado passou a ser tanto que quase
ultrapassa a capacidade técnica de assegurar a segurança.
Isso tornaria as missões inviáveis. Existe um nível
de risco alto nas missões. Todos nós, astronautas,
sabemos disso e aceitamos o risco como parte da nossa profissão
(como um piloto militar em missão de guerra).