PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE A VIDA DO ASTRONAUTA

Atualizado: Fevereiro de 2010

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Qual a sua trajetória desde a vida acadêmica até a entrevista para se tornar um astronauta?

Nasci em Bauru, em SP, no dia 11 de março de 1963, tenho 43 anos. Comecei minha carreira como eletricista aprendiz na Rede Ferroviária Federal em acordo com o Senai de São Paulo. Naquele tempo existia este curso que era feito no Senai e, paralelamente eu trabalhava na Rede Ferroviária e ganhava um pequeno salário que era suficiente para eu pagar o curso de eletrônica no colégio profissionalizante que eu fazia à noite.
Com três anos de serviço Federal na Rede Ferroviária Federal, fiz o concurso da Academia da Força Aérea e passei, eu tinha 17 anos nesta época.
Inicialmente meu curso na Força Aérea foi de oficial aviador em Pirassununga, na Academia. Me formei, fui pra Natal, no Rio Grande do Norte, especialização em aeronaves de caça, de lá eu fui pra Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o terceiro do décimo grupo de aviação, Esquadrão Centauro, onde fui o Centauro 77, na verdade eu sou o Centauro 77 porque é vitalício, e participei desse esquadrão em operações de caça com a Força Aérea, ajudando a marinha e o exército também, operacionalmente.
Naquele tempo eu resolvi então fazer o vestibular do Ita pra entrar na área técnica. Fiz o vestibular, entrei no Ita, fiz cinco anos de engenharia aeronáutica. Ali a junção entre a engenharia e a parte operacional se deu no meu trabalho que veio na seqüência como piloto de provas do Instituto de Aeronáutica e Espaço também em São José dos Campos. Trabalhei alguns anos como piloto de provas em São José e depois fui deslocado para Monterrey, na Califórnia, para o mestrado de engenharia de sistemas, de modo que eu pudesse trabalhar nos sistemas das aeronaves Embraer 745, do projeto Silva. Fiz o curso de mestrado, terminei o mestrado comecei o doutorado.
Nesta data então o Brasil havia entrado na Estação Espacial Internacional como participante e precisava de um astronauta pra representar o país. Foi feita uma seleção nacional pela Agência Espacial Brasileira, através de um edital de convocação em jornal. Me inscrevi, participei, fui selecionado, segui pra Houston, no Texas, no Johnson Space Center, onde iniciei o treinamento em 98, terminei o curso em 2000, sendo declarado naquela data então o primeiro astronauta brasileiro pela Nasa.

Quais os cursos de especialização que você fez e quais você acha que contribuíram para a sua escolha?

Eu estudei engenharia aeronáutica no ITA. É necessário fazer algum curso acadêmico relacionado a área de humanas ou exatas, e fazer algum curso na área operacional, como piloto, mergulhador. Também é necessário, e muito, amar o seu país, amar as pessoas do seu país e saber que tudo que você faz não é para um reconhecimento mas sim para que você cumpra sua missão de acordo e se sinta satisfeito com isso, independente de qualquer coisa. Isso é o que mais importa: colocar a cabeça no travesseiro e pensar pro futuro, pensar em coisas boas. Então eu acho que, basicamente é isso.

Qual o seu objetivo quando você resolveu seguir essa carreira? Ele foi alcançado?

Ser astronauta é o sonho de criança, Mas somente na adolescência, quando comecei a fazer Senai com 14 anos é que vislumbrei, primeiramente, entrar na Força Aérea e, posteriormente, após bastante luta, ser astronauta. Claro que foi bastante difícil conseguir a vitória, até porque vim de uma cidade do interior, Bauru, e era pobre. Entretanto, com muita luta; determinação; atitudes positivas; diversão, família e amigos colocados em segundo plano; bastante trabalho e estudo foi possível fazer alguma coisa de positivo para o Brasil no cenário internacional. Meu objetivo era ser útil ao meu país. Coloquei minha vida nisso. A missão que o País me determinou cumprir em 1998, de levar a bandeira ao espaço pela primeira vez, eu persegui, praticamente sem nenhum apoio das instituições, por 8 anos, até completá-lo com sucesso em 2006. Hoje tenho outros objetivos ainda maiores.

Você sempre quis ser um astronauta?

Ser um astronauta é o sonho de toda criança, meu sonho inicial era ser piloto. Comecei a lutar por ele aos 14 anos, entrando no SENAI e trabalhando como eletricista aprendiz da RFFSA para poder pagar pelos meus estudos de técnico de eletrônica. Entrei na FAB, tornei-me piloto, mas sempre com uma vontade de voar mais alto, mais rápido...ir ao espaço, quem sabe! O caminho percorrido não foi fácil, e ainda tinha o fato de eu ter vindo de uma cidade do interior e de uma família pobre. Mas com muita luta; determinação; muito trabalho e estudo foi possível fazer alguma coisa de positivo para o Brasil no cenário internacional. Meu objetivo era ser útil ao meu país. Coloquei minha vida, literalmente, nisso. A missão que o País me determinou a cumprir em 1998, de levar a bandeira ao espaço pela primeira vez, eu persegui, praticamente sem nenhum apoio das instituições, por 8 anos, até completá-lo com sucesso em 2006. Hoje, ainda junto do Comando da Aeronáutica, do Programa Espacial, da Educação do País e do Meio Ambiente, tenho outros objetivos ainda maiores.

Qual a sensação de ser o primeiro astronauta brasileiro?

Missão cumprida. A sensação foi a melhor possível, a repercussão foi excelente em todos os sentidos que realmente interessam. Eu estava bem preparado, tanto física, quanto tecnicamente, e assim eu pude ir, ao invés do meu backup, o cosmonauta russo Sergei Volkov, que iria realizar a Missão Centenário, caso eu tivesse qualquer problema de aproveitamento ou saúde. Felizmente, conseguimos representar o Brasil na Missão, fazer os experimentos da Agência Espacial, cumprir todos os objetivos colocados pela Agência Espacial Brasileira para sua missão, não só levando a bandeira do Brasil, mas também levando o coração de brasileiro, que eu acho que é extremamente importante. Foi talvez o evento internacional mais marcante deste programa desde o início da sua história e assim será utilizado como referência pelos jovens brasileiros que almejam e sonham com uma carreira de ciência e tecnologia. Eu fico muito feliz em ter participado disso.

Seu primeiro trabalho foi como técnico em eletrônica aos 14 anos. Como foi 'criar asas', driblar todas as barreiras e se tornar pioneiro ao representar o Brasil em uma missão tão importante para o desenvolvimento tecnológico e científico?

Sinto-me feliz pelas coisas simples da vida. Não apenas pelo passado, mas viver cada dia. Trabalhar para atingir um objetivo, viver a concretização de um ideal. Representar o país é algo que exige muito como profissional e como pessoa. Em 1998, o governo brasileiro me deu a missão de levar a bandeira brasileira ao espaço pela primeira vez. Para isso, coloquei minha vida em segundo plano por quase uma década. Sacrifiquei a convivência com a família, não vi meus filhos crescerem, sacrifiquei minha carreira militar, pois tive que sair, na prática, do serviço ativo como militar no mesmo ano (1998), visto que astronauta é uma função civil, sacrifiquei minha saúde, coloquei minha vida em risco, literalmente, pelas nossas cores. Tudo isso são escolhas. Fiz tudo com prazer, pelas pessoas do meu país que são boas e merecedoras do meu sacrifício. A vida continua agora, novas missões espaciais (quem sabe?), novos desafios profissionais ainda maiores, novos desafios pessoais, etc...Continuo muito feliz!

Marcos, o que representou para o Sr. se tornar o primeiro astronauta brasileiro?

Existem aspectos pessoais e profissionais envolvidos.
Profissionalmente, participar da Missão Centenário da AEB foi mais um passo na carreira. Um grande passo, com certeza, mas a continuidade de um trabalho de décadas a serviço do país. No momento, na continuidade de minha participação no programa espacial, aguardo com grande ansiedade a possibilidade de tripular outras missões brasileiras, ou/e treinar outros astronautas brasileiros, ou ser convidado a liderar o programa espacial, como presidente da AEB ou outra organização similar.
No aspecto pessoal, sem dúvida foi um período inesquecível de minha vida. Algo que muda a gente. É como se tivesse nascido novamente. Existe a fama, isso é fato. Contudo isso não é o mais importante para mim. O que me motiva mesmo é o carinho e o respeito mútuos que tenho com milhões de jovens no Brasil. Temos uma nova e muito importante missão pela frente: conseguir construir um país mais justo, com educação homogênea e direito de sonhar a TODAS as crianças do Brasil. Isso é um sonho que vou perseguir agora.

Qual foi a experiência em ser o primeiro brasileiro a ir para o espaço?

A experiência foi a melhor possível, a repercussão foi excelente em todos os sentidos. Eu estava bem preparado, tanto fisicamente quanto tecnicamente, e assim eu pude ir, representar o Brasil na Missão, fazer os experimentos da Agência Espacial, cumprir todos os objetivos colocados pela Agência Espacial Brasileira para sua missão, não só levando a bandeira do Brasil, mas também levando o coração de brasileiro, que eu acho que é extremamente importante. Foi talvez o evento mais marcante deste programa desde a sua história e assim será utilizado como referência pelos jovens brasileiros que almejam e sonham com uma carreira de ciência e tecnologia. Eu fico muito feliz em ter participado disso.

Mesmo sendo um profissional experiente, com longos anos de carreira em aviação, como o Sr. imaginava visualizar o nosso planeta do espaço?

Sem dúvida imaginei o planeta muitas vezes, enquanto voava sozinho nos céus do Brasil...principalmente à noite. Mas é incrível como a visão desse planeta do espaço é inspiradora. Difícil expressar...então, fica uma frase que representa tudo isso: Deus existe!

Qual é a sensação de ter realizado o sonho de voar e ter ido ao espaço?

Voar é o meu trabalho. Tenho enorme satisfação em colocar minha vida a disposição do país nessas tarefas.

Como, quando e onde Marcos Pontes começou a vislumbrar a idéia de se tornar um astronauta? Valeu à pena? Como foi a escolha do Sr. entre outros profissionais?

Comecei a pensar em ser astronautas aos poucos...ao longo da carreira de piloto. Queria voar cada vez mais alto e mais rápido. Lutar pelos sonhos e realizá-los honestamente, sempre vale a pena. Pelo menos deixamos um legado de história que pode inspirar outros jovens a acreditar no bem...mesmo quando cercado pelas tentações e facilidades do lado ruim. Minha escolha se deu em concurso de âmbito nacional (edital público). A seleção seguiu os padrões NASA e fui avaliado três vezes: no Brasil, nos EUA e na Rússia, contra os padrões dos candidatos locais.

Você valoriza muito a família. Algum de seus filhos pretende ser astronauta também?

A família é essencial. Temos todos muitos defeitos, mas a união entre membros da família pode ser a chave do sucesso de todos. Sobre seguir minha carreira, meu filho Fabio (21) é arqueólogo e Carol (16) tem uma queda pela atividade aérea (quem sabe!). Em todo caso, seja qual for a escolha, de uma profissão honesta e honrada, eu vou apoiar. Foi o que aconteceu comigo. O importante na vida e ser feliz e fazer feliz.

O que mudou em sua vida após o vôo? E referente às suas crenças?

Eu acho que voltei de uma certa forma um pouco mais desligado com relação às questões mesquinhas da vida. São passageiras e não valem a pena. Temos coisas melhores para fazer. Voltei pensando em coisas maiores, como em ajudar as pessoas, muitas delas, de uma maneira mais ampla, pensando em projetos mais amplos, isso sim, mas sem me preocupar muito com coisas pequenas, coisas que passam em um dia, um mês, um ano. Então, eu acho que basicamente foi isso a diferença. Eu sempre acreditei em Deus, eu continuo acreditando muito em Deus, que nos direciona em tudo que a gente faz, eu acho que eu não mudei muito nesse aspecto.
Profissionalmente foi um marco na minha carreira, claro, pretendo que existam outros também, tanto na área espacial, quanto na área de aeronáutica, quanto na área social, mas eu acho que pessoal assim, foi isso. Eu acho que eu voltei um pouco mais relaxado e pensando em coisas de maior importância.

Sentiu medo? Pensou que não voltaria à Terra, como aconteceu com o Apolo 11?

R: O medo sempre existe, isso é uma das coisas que eu costumo falar muito, inclusive em palestras que eu faço para pessoas e empresas, é uma coisa próxima, as pessoas têm medo do medo. Não é pra ter medo do medo. O medo ajuda a gente a se manter alerta. Nota: o Apollo 11 retornou sem problemas da Lua.

Como é ser um “super-herói” no desenvolvimento tecnológico e social brasileiro?

Não me considero um super-herói. Sou apenas um brasileiro com determinação suficiente para encarar os desafios de uma grande empreitada internacional e disposto a morrer pelo país. Tenho muito a contribuir com a formação do jovem brasileiro e pretendo fazer isso, se o governo, a imprensa e o público permitirem que eu use meu conhecimento no Brasil.

Você acredita em Deus? Sentiu a presença Dele em sua Missão?

Eu sempre acreditei em Deus. Depois de ver este nosso planeta lá do espaço. Perceber o quão insignificante e pequeno somos perante este Universo todo. Fez-me refletir muito. Tive certeza de que “algo” bem maior que nós existe. Passei a acreditar ainda mais que Deus nos direciona em tudo que a gente faz.

Após o vôo, qual a sua avaliação sobre Deus e as gerações futuras?

Deus não pode ser avaliado. Ele é a nossa vida. Tudo o que precisamos para viver. Só podemos é agradecer a Ele por podermos viver mais um dia, aproveitar as coisas simples, aproveitar e preservar o nosso lindo planeta...e nunca esquecer que a maior herança que podemos deixar para as futuras gerações é composta de: Idéias boas e positivas, e um planeta saudável, habitável e em paz.

(14/05/07 13:35:33)
Estou ansiosa para saber como foi ver o Papa!

Foi uma experiência única. Muito marcante pela figura publica de importância para a paz do mundo que ele representa.

Você prefere ser astronauta ou piloto?

Um astronauta não deixa de ser um piloto em certo ponto de vista. Gosto das duas funções.

Qual foi a experiência em ir para o espaço e ser o primeiro brasileiro a ir para lá?

A experiência foi a melhor possível, a repercussão foi excelente em todos os sentidos. Eu estava bem preparado, tanto fisicamente quanto tecnicamente, e assim eu pude ir, representar o Brasil na Missão, fazer os experimentos da Agência Espacial, cumprir todos os objetivos colocados pela Agência Espacial Brasileira para sua missão, não só levando a bandeira do Brasil, mas também levando o coração de brasileiro, que eu acho que é extremamente importante. Foi talvez o evento mais marcante deste programa desde a sua história e assim será utilizado como referência pelos jovens brasileiros que almejam e sonham com uma carreira de ciência e tecnologia. Eu fico muito feliz em ter participado disso.

Você começou a sua vida profissional em Bauru como eletricista aprendiz aos quatorze anos para poder pagar seus estudos, até levar a bandeira do Brasil ao espaço. Você tem algum segredo ou metodologia especial para realizar e viver os seus sonhos?

Todas as pessoas têm problemas, mas com estudo, trabalho, persistência e esforço tudo é possível!
Não existe uma receita de bolo para o sucesso. Existe atitude positiva!

Marcos Pontes, o sonho de todo homem e poder voar, ou ate mesmo ir para o espaço como e ter a sensação de ter feitos os dois maiores sonhos do homem.

Voar é o meu trabalho. Tenho enorme satisfação em colocar minha vida a disposição do país nessas tarefas.