Existem mudanças na maneira de pensar depois de um vôo
espacial? Essa é uma das perguntas freqüentes que
ouço em todos os lugares que visito. A resposta é
muito simples: sim, muitas!
Entre essas mudanças, destaco aqui a preocupação,
na verdade a “urgência”, em relação
ao meio ambiente.
Vivemos em um planeta maravilhoso. Isso não tenha dúvida.
Contudo, na nossa busca constante por bens e conforto, nós,
seres humanos, criamos uma tecnologia que mata, sufoca, “esquece
do futuro.” Como resultado desse pequeno período
tecnológico (na escala universal) do reinado humano na
superfície da Terra, conseguimos produzir muito material
tóxico que polui recursos essenciais para a vida, deixamos
heranças em forma de garrafas plásticas, pneus,
lixo radioativo e tantos outros restos do nosso conforto. Mudamos
até o clima!
Em compensação, temos uma população
crescente que precisa de alimento, habitação e outras
necessidades básicas. A solução dessa equação
necessariamente envolve o desenvolvimento de uma nova “consciência”
e de tecnologias “inteligentes”, “sincronizadas”
com a preservação (ou recuperação)
dos nossos limitados recursos disponíveis nessa pequena
espaçonave chamada Terra. Isso não é tarefa
fácil, mas tem de ser feita. Contudo, a pergunta é:
de quem é a responsabilidade por realizá-la? É
aí que vem um ponto interessante. Uma maneira de pensar
que mudou muito após a minha visão externa do planeta.
Antes eu via o problema como a grande maioria das pessoas vê.
Isto é, sempre achamos extremamente importantes os assuntos
de preservação do planeta. Sempre concordamos 100%
com essa necessidade. Mas nos acomodamos com o pensamento do tipo
“o que eu posso fazer? Afinal, minhas atividades nada têm
a ver com esse tema. Eu realmente espero que as pessoas que trabalham
com isso, e que podem fazer alguma coisa, resolvam todos esses
problemas!”
Olhar para a Terra, ver com os próprios olhos o resultado
da presença humana na sua superfície. Ver como somos
pequenos nesse universo, e sentir como somos dependentes desse
nosso pequeno planeta azul. Tudo isso faz com que a pessoa desenvolva
uma necessidade urgente de “fazer alguma coisa”. A
responsabilidade pelo planeta é de cada um de nós.
Não importa a nossa profissão ou atividade. Todos
podemos fazer alguma coisa, por menor que seja, para ajudar a
evitar um destino terrível para as futuras gerações
(nossos filhos e netos). Mesmo que seja apenas economizar um copo
plástico. Mesmo que seja apenas plantar uma árvore.
Qualquer coisa é melhor do que cruzar os braços.
Falar! Espalhar a idéia, alertar, criar a consciência
pública do problema geral, é também uma coisa
muito importante.
Nesse contexto, fiquei extremamente feliz e honrado pelo convite
de participação no desfile e pelo enredo da Escola
de Samba Rosas de Ouro neste carnaval (Grupo Especial - Sambódromo
de São Paulo – 4h40 do dia 17 para 18).
O carnaval é uma das maiores festas populares do mundo.
O tema de preservação da Terra não poderia
ficar de fora. Parabéns à Sociedade
Rosas de Ouro pela iniciativa!
Para quem não conhece ainda, aí vai a sua letra
do samba enredo de 2007, uma declaração de amor
a nossa mãe, Terra:


Enredo:
Tellus Mater. O cio da terra
Compositores: Marcelo Dias/ Silas Augusto/ Marcio Bueno/ Ricardinho/
Baqueta
Eu
vou cantar e alertar
Hoje a Mãe Terra é carnaval
Inspiração para os meus versos
Fonte de energia natural.
Concebida
pelo criador
No universo a explosão
Clareando o firmamento
Surge o planeta na imensidão.
Das águas nasce o milagre da vida,
Nas formas toda sua evolução
Do céu, lá do céu, o amor fecunda o seu chão,
Oh mãe terra generosa
Tu és alimento e proteção.
Do oriente ao ocidente foi preciso navegar
Para o mundo desvendar.
Conquistando
o espaço
Vi que a terra é azul… Azul celestial
Contemplei sua beleza
Descobri um paraíso divinal.
Porém
como simples mortal
Lutarei contra o mal, chega de destruição,
Preservar sua essência
Reciclar a consciência, contra a devastação,
Brasil, das verdes matas e florestas
A esperança é o que nos resta
O pulmão do mundo é você
Ouça o clamor da Rosas de Ouro
Que cada um consiga o seu quinhão
Somos filhos do teu chão.
Abraços
Marcos
Pontes
Marcos
Pontes é astronauta, mestre em engenharia de sistemas,
engenheiro aeronáutico, piloto de provas de aeronaves,
consultor, empresário e colunista. Atualmente o astronauta
continua a disposição do Programa Espacial Brasileiro,
participando e assessorando nos seguintes projetos: participação
brasileira na Estação Espacial Internacional, Programa
Microgravidade, AEB Escola, Veículo Lançador de
Satélites, desenvolvimento de foguetes suborbitais e Satélite
SARA. No setor privado, Pontes atua como consultor técnico
e gerencial junto a empresas de renome, com ênfase nas áreas
de segurança do trabalho, gerenciamento de riscos, motivação
e gerenciamento de projetos.
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